
Alguém me explica o que aconteceu no Papel Pobre?
Se for mesmo verdade, R.I.P., Katy!
Que nota triste em pleno Blog Day...
Achei cheque.
É muito difícil determinar o que para mim faz um bom filme, já que entre meus títulos preferidos, vocês sabem, figuram em par de igualdade Dirty Dancing e O Poderoso Chefão II.
Eu não costumo me preocupar de forma particular com a ideologia ou com a suposta qualidade artística do filme. Eu gosto mesmo é de me divertir, seja rindo, seja chorando.
Também acabo escolhendo meus filmes como forma de fazer parte de determinada comunidade que compartilha as mesmas referências. Foi só para entender as piadas que eu aguentei ver todo O Senhor dos Anéis até o final. Meio que só para não ficar por fora.
Acho que o mesmo sentimento motiva as pessoas a se estapearem na feira livre pela última cópia de Tropa de Elite, longa de José Padilha , diretor do genial documentário Ônibus 174, sua primeira parceria com o ex-capitão da PM Rodrigo Pimentel, com quem assina o roteiro do filme que pretende mostrar - em narrativa supostamente ficcional - as mazelas internas do sistema policial e os principais problemas da segurança pública no Rio de Janeiro.
A presença de um egresso do Batalhão de Operações Especiais , a tropa de elite do título, entre os escritores de uma certa forma redime o filme da falta de isenção, o que talvez pudesse se tornar seu maior pecado. O roteiro assume claramente o ponto de vista do BOPE e se não nos leva a esperar outra coisa, isso acaba sendo legítimo. Igualmente necessária, a violência explícita pode desagradar aos estômagos mais sensíveis ou mesmo emprestar ao filme certa aura sensacionalista. Mas não é mesmo chocando que se constroem os melhores argumentos de tese?
O fato é que desde o primeiro acorde do funk proibidão que embala a seqüência inicial, eu simplesmente não consegui desgrudar da poltrona por mais que a minha vivência em favelas tenha mais do que me familiarizado com as maiores barbaridades exibidas em cena. O treinamento para o BOPE, inclusive. Mas a ação surpreende a cada quadro não importa o quanto já se conheça sobre os eventos contados. O enredo introduzido in media res é um primor de narrativa.
Padilha, todo humilde, afirma ter trocado o documentário pela forma ficcional só para proteger identidades. Eu acho que ele optou por outro gênero simplesmente pela certeza de que conseguiria , desta forma, efeitos dramáticos ainda mais contundentes.
O jeito como o filme caiu no gosto do povo sem divulgação ou propaganda é a prova cabal disso.
Mesmo quem sofre a opressão sistemática das incursões do Caveirão, pelo jeito, apóia e prestigia o BOPE.
Ou talvez eles só apóiem e prestigiem mesmo o Wagner Moura, que de fato nos presenteia com uma caracterização impecável. Aliás, a direção de atores no filme é espetacular. Todos falam e agem como as pessoas que pretendem retratar, sem exageros ou maneirismos.
O curioso é que o filme atinge mesmo quem consegue ler suas artimanhas e pretensões de ser definitivo. Por mais que tenham engendrado uma história sobre uma guerra particular, a do Rio, bom cinema de atores e montagem frenética são coisas que se aprecia em qualquer língua e a gente acaba se vendo diante da vibração mais universal do cinema: a impossibilidade de respirar!
Se o filme é bom não sei, só sei que gostei.
A propósito, aos de fora do Rio, um alerta: o filme narra fatos que supostamente aconteceram há dez anos. A consciência do próprio direito cresceu muito nas comunidades carentes e é cada vez mais difícil ver mesmo a bandidagem achincalhada daquele jeito.
Dizem que em função da distribuição pirata em larga escala é possível que os produtores recortem o filme e até que mudem o final. Mas quem viu essa versão viu o verdadeiro director's cut. Eu tenho certeza de que o que mudarem para o cinema vai ficar bacana também. Trata-se de gente que sabe muito bem o que faz e me admira muito que essa cópia tenha vazado assim tão fácil.
Há quem aposte em jogada de marketing. Intencional ou não, trata-se da mais bem sucedida estratégia viral da História. Vai ficar de fora?