Wednesday, December 27, 2006

Gaúchos que eu adoro

Para fechar o ano, um último top5, dessa vez em ordem decrescente:

5. Elis Regina
4. Luís Fernando Veríssimo
3. Adriana Calcanhoto
2. Caio Fernando Abreu
1. Disputa a ser decidida entre o Cródio e o Rafa, gaúchos que me guiarão em expedição caça-marido pelos Pampas a partir de hoje.

Eu quero um homem de bombachas e tô ligando pouco se ele leu Quintana e Borges , ouviu Dexler e Lupicínio, se é colorado, gremista, Kleiton, Kledir... eu quero é dançar tango!

Pode ser que eu dê as caras por aqui. Caso não...aproveitem as férias de mim.

Beijos!

À palo seco: retrospectiva 2006

Se você vier me perguntar por onde andei/ no tempo em que você sonhava/ de olhos abertos lhe direi/ amigo, eu me desesperava//Sei que assim falando pensas/ que esse desespero é moda em 76...

Troquem 76 por 2006 e percebam que nem mesmo a métrica se perde. O ano que termina foi louco e frenético para a maioria das pessoas que eu conheço. Não particularmente duro ou feliz, mas extremamente acelerado, desesperado, como diz a canção do Belchior. Perfeita para sintetizar o ano do "Beijosmeliga".

Pessoalmente foi meu ano, digamos, cabacildo. Adotei a filosofia do SIM de Old Christine e meti em "projetos" que me fizeram muito bem, situações que me quebraram a cara e circunstâncias de vida para as quais eu não estava mesmo preparada.


Pela primeira vez eu:

1. morei absolutamente sozinha, sem dividir nada com família, amigos ou namorado. Adorei a liberdade de enfiar quem eu quiser dentro da minha casa. Bola dentro.

2. conheci os efeitos da morte de uma pessoa querida. Me arrependi por todas as lágrimas que eu chorei assistindo filmes, lendo livros e ouvindo músicas. A própósito, como diz o próprio Belchior, ao vivo é muito pior. Mas a vida continua e as lembranças ficam.

3.corri atrás de um homem. Odiei. Assumo mas não quero comentar. Bola fora.

4. utilizei os fabulosos serviços de um pau amigo. O upgrade que me elevou de mera entregadora a consumidora de quentinhas fez minha vida sexual melhorar muito em quantidade e qualidade. Beijos, gato guerreiro!

5. escrevi um blog. Mas isso foi só uma das...

Modinhas às quais aderi:

1. boleros
2. argolas
3. salto cortiça
4. luzes no cabelo
5. shorts

A última, aliás, me fez ouvir algumas merdas impublicáveis. Protejerei as ostrinhas em nome da amizade mas revelarei as pérolas.

Opiniões extremamente discutíveis:

1. "Pára de emagrecer!"
2. " É que ela é de família..."
3. " Se você tá a fim tem mais é que ligar mesmo!"
4. " Não dá para usar camisinha, ele é muito bem dotado."
5. " Usa sardinha no lugar do atum. Não faz a menor diferença."


E finalmente a galeria (ilustrada) dos ilustres...

Personagens do ano:












Obina, Dumbo, Queixada e Cocão...que não conseguem ficar parados nem para a foto.











O sol nascendo na Linha vermelha fez dupla com...











meu pé moído.









O poste fálico, o preferido dos melroses.









Naomi no corredor da morte, cantando de galo pela última vez.

E pra continuar no clima, deixo com vocês os versos mais famosos do Rei em particular momento de inspiração sabedoria-de-rodoviária:

Se chorei ou se sorri/ o importante é que emoções eu vivi...

FELIZ ANO NOVO, QUERIDOS!

Tuesday, December 26, 2006

Caso chova na praia...

nada melhor do que um livrinho entre um pileque e outro. De mais a mais, viagem de reveillon às vezes nada mais é do que uma furada em que a gente se mete para não passar a virada sozinho.

É sempre bom ter um plano B.

Paulo Cesar de Araújo já havia nos brindado, em 2002, com o excelente Eu não sou cachorro não em que , entre outras proezas, reconstrói o papel político desempenhado pela chamada música brega (Odair José, Agnaldo Timóteo, Dom & Ravel, etc.) que dominou as rádios durante os anos mais sombrios da ditadura militar.

Um livro dele sobre o cantor mais popular dessa e de todas as épocas não podia ser um trabalho menos apaixonado e minucioso ( tudo em detalhes mesmo!) que o anterior. Há até umas digressões que eu, como editora, cortaria, mas nada que diminua o barato de conhecer os bastidores e , principalmente, o complicadíssimo processo de criação do Rei, também aqui, historicamente reconhecido como primeiro fenômeno pop e definitiva referência cultural brasileiros.

Paulo se assume como fã desde o primeiro parágrafo e , em seu esforço revisionista, apela um pouco para a vilanização da turma da bossa-nova ou de quem quer que tenha questionado a obra ou o ideário de Roberto Carlos. Mas o livro é tão bom mesmo por causa um pouco desse tom confessional e elegíaco que seu autor assume descaradamente.

Se fizer sol, leva pra ler na praia , mas usa FPS 50 porque a gente se agarra na narrativa de um jeito que fica fácil perder a noção do tempo.

Se a sua furada-de-virada for na casa daquele casal em crise que resolveu, de última hora, chamar os amigos para não ficarem um em companhia apenas um do outro, assuma você mesmo a mesa de som e ofereça à "festa no apê" o set-list que o DJ Janot costumava levar às primeiras Brazookas , quando ninguém acreditava que ele pudesse tocar uma hora inteira de Roberto Carlos pra dançar:

1.O calhambeque
2. Quando
3. Que tudo mais vá pro inferno
4. É proibido fumar
5. Pode vir quente que eu estou fervendo
6. Namoradinha de um amigo meu
7. Jesus Cristo
8. Ilegal, imoral ou engorda
9. Se você pensa
10. Eu te amo, eu te amo, eu te amo...

Quem sabe o casal-anfitrião não se embala e até volta às boas?

Friday, December 22, 2006

SEM COMENTÁRIOS

*












Alguém vai de sex on the beach?

Thursday, December 21, 2006

Triste fim da saga de Naomi Cock

Bom, gente, não sei se foi a convivência com o excesso de testosterona que meu irmão super-macho exala por todos os poros, mas o fato é que o franguinho mais querido por esse blog andou cobrindo umas fêmeas e parece até que ele já deixou descendência pelo quintal.

Meu pai já determinou que apenas um espécime masculino pode cantar de galo ou a gente corre o risco de perder os dois reprodutores numa rinha involuntária e inevitável.

Como na canção, tantas fez o moço que vai para a panela.

Para as moças que ainda sonham em resgatar alguma biba do lado colorido da força fica ai a esperança. Não é só no programa do R.R. Soares que existe ex-viado.

Sunday, December 17, 2006

AdoREI



Post especialmente dedicado a certa amiga ( e shidoshi nas horas vagas) que detesta ler textos com mais de três linhas.

Wednesday, December 13, 2006

Procrastinators United

Dezembro é igual a último capítulo de novela.
Depois de meses de enrolação a gente se vê subitamente diante da urgente necessidade de resolver milhões de coisas poderiam ter sido tranqüilamente decididas sem a afobação e o stress tão característicos daquela hora fatal em que percebemos que o ano passou e que nada de realmente útil ou transformador foi feito.

Olhar para trás é lembrar que uma boa parte do tempo foi passada em engarrafamentos, embaixo do chuveiro, escolhendo roupa pra sair, ou – horror dos horrores! – a mercê do SAC da sua operadora de celular. E é justamente nessas pequenas tarefas que a gente começa a se perder.
Se há provas a corrigir, a faxina se torna inadiável. Se a pia está cheia de louça é imperativo que se adquira o detergente certo no mercado. E quando no caminho de volta pinta aquela idéia genial para a aula de segunda-feira , diante do computador, só dá vontade mesmo é de editar fotos ou responder e-mails recebidos há mais de um mês. Mesmo este post aqui, confesso, eu já vinha pensando há alguns dias, mas...bom, vocês sabem.

Das pequenas para as grandes coisas a gente se flagra, numa tarde de outono, pensando no que foi feito dos nossos sonhos de adolescência e daquele futuro brilhante que todo mundo um dia já possuiu. Eu tive meu futuro promissor ali pelos três minutos finais da graduação. Acreditaram que eu fosse uma promessa acadêmica e isso foi uma verdadeira maldição na minha vida. Passei uns bons anos pensando em tudo o que me faltava para concretizar as expectativas alheias. Geralmente os dias se sucediam entre a tortura pelo que não foi feito ontem e tudo o que faltava fazer amanhã.

Até que um belo dia você se dá conta de que todos os artistas e pensadores que você admira produziram o melhor da sua obra quando eram muito mais jovens que você e então a ficha finalmente cai: não dá mais tempo! Daí para descobrir que o seu ex-futuro promissor provavelmente não faria a menor diferença para a humanidade é um pulo.

Não, não precisa ser uma tragédia. Pode ser até libertador. Só na mediocridade de um cotidiano sem grandes planos a gente pode apreciar sem correria algumas coisas muito gostosas da vida como um dia de sol ou o telefonema de um amigo distante.

A máxima horaciana Carpe Diem – erroneamente invocada pelos diligentes para apressar toda espécie de atividade chata e perfeitamente adiável – tem a ver justamente com isso: abocanhar cada minuto como uma fruta madura que pode estar podre daqui a pouco.

Menos Benjamin Franklin e mais Ferris Bueller. Sei lá, "lixe o assoalho" por mais um tempo. Os orientais não sabem de tudo?

So...join the club!


Sunday, December 03, 2006

Confissões mirabolantes de uma adolescente desmiolada

*



Quando pensamos na importância do ofício do médico vem sempre à nossa mente a figura de um neurocirurgião ou de um oncologista. Dermatologistas estão mais próximos, na escala da humanidade, das manicures e das depiladoras. Quem vai levar a sério um pirralho de jaleco dizendo " esse remédio sobrecarrega o fígado. Se pretender beber, suspenda o uso"? E ainda que se queira obedecer, quem vai lembrar disso quando a cerveja tá rolando farta numa tremenda boca-livre? E quem não vai se empolgar com bebida de graça numa rara noite em que não está dirigindo?

A festa estava ótima, mas o prédio exigia silêncio. Dispensei a carona e me enfiei num táxi rumo a uma esticada sem me importar com o caminho de vota à Baixada. Cheguei já colocadíssima para o segundo round. Não muito tempo depois jatos de bile voavam incontinentes até pelo meu nariz. Na volta do banheiro alguém me tira para dançar. Acho que ele era interessante. Lembro bem que ele era super cheiroso e que sussurrava no meu ouvido a letra de uma daquelas músicas fofas que só quem vive no samba conhece e que por isso mesmo -por que ninguém conhece - as pessoas cantam com um ar genuinamente orgulhoso.

Ah, na hora eu achei legal.

Mas daí ele começou a me rodar, e me rodar, e me rodar...e para escapar do abraço eu confessei: "Não posso te beijar. Acabei de vomitar". Fui largada na pista sem rumo e perdida dos amigos. Mesmo sem dança, o mundo continuava a rodar. Uma coisa assim, bem Carrie, a estranha.

Na saída para escapar do foco da câmera giratória, trombei com meu cunhado e foi me batendo uma uma repentina e irresistível saudade da minha irmã. No final do porre sempre dá vontade de ligar para as pessoas, né? Não interessa que sejam três da manhã. Tentei umas 28 vezes e acabei finalmente convencida a desistir e pousar no Bairro de Fátima, onde já mais lúcida, ouvi as mensagens preocupadas da mana antes de encontrar o namorado e ser assegurada do meu aparente bem-estar.

De manhã, fora a culpa e a ressaca moral, precisei tomar um ônibus na Central do Brasil. Mas aí o teen-movie fica mais para Christiane F. Prefiro poupar meus leitores de narrativas realmente deprimentes.

Corta para o meu olho grudado no chão enquanto a minha mãe me ensaboa pelo avesso: " Você não acha que já está na hora de começar a se comportar como uma adulta?"

Friday, December 01, 2006

Freaky Friday : O El Niño, a menarca e os adoráveis homens de bata

*


Hoje levei três horas da minha casa até o trabalho. Isso depois de ter levado, ontem, duas horas do trabalho até a minha casa. Por conta dos atrasos perdi uma consulta médica que eu esperava há mais de um mês.
O bom é que eu tenho um emprego pelo qual muitos professores matariam. Não é o caos que essas chuvas doidas instauram na Avenida Brasil que vão me fazer desistir dele.

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Mal humor algum resiste à cara de ressaca que o meu colega orgulhosamente ostenta ao correr para a cafeteira:


- Tomou todas ontem?
- Ontem e hoje. Ainda tô tomando.
- Já começou a comemorar o aniversário?
- Não. Foi pela minha filha. Ela menstruou, finalmente. Treze anos...já tava ficando bolado.
- Legal...
- Comprei o primeiro modess dela e depois caí no samba.
- ???
- Não sem antes ter uma conversa séria com ela...
...

- Já que não dá pra evitar o inevitável... é que a minha garota é uma princesa, professora. E eu sei que vão querer comer e nem olhar para a cara dela depois. Sei que algum maluco vai querer barbarizar meu anjinho.

Agora eu tava ouvindo MESMO:

- Você disse isso para a menina?
- E disse mais! Disse que ela tem que aprender cedo a se defender. Tem que saber logo dar canseira e sacudir esses camaradas na cama. Se alguém vai esculachar, que seja ela. Filha minha não vai correr atrás de vagabundo nenhum...

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Meio oversharing para antes das dez da manhã? Mas agora é assim. Cabe a nós aceitarmos que a vida está mudando, e rápido. Talvez esses temporais fora de época sejam apenas a maneira que a natureza encontrou para nos alertar sobre o fim do mundo tal como conhecíamos.

No Bravo Mundo Novo, Ben Affleck fatura prêmios de interpretação em festivais de cinema europeus. Um sinal de que o grande realinhamento do universo exige também que alguns preconceitos sejam superados.

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Eu, por exemplo, quando esbarrava com Nip/ Tuck me sentia irresistivelmente compelida a interromper a minha atividade preferida diante da TV: o zapping.

Sempre apreciei a atmosfera ao mesmo tempo grotesca e glamourosa que permeava as narrativas, mas não passava disso. Tenho um fraco por seriados médicos mas esse era um que eu achava meio metido à besta. É que eu implico mesmo com tudo o que tentam me empurrar como "inovador".

A badalada participação do brasileiro Bruno Campos reacendeu meu interesse pelo programa e acabei reunindo ânimo para assistir a tudo desde o início. Resultado: virei uma chata! Mergulhei tão fundo nos contrastes da lógica binária McNamara/ Troy que só consigo estabelecer uma conversa decente com alguém que também compreenda todos os ganchos e que saiba reconhecer nos procedimenos cirúrgicos mais banais as alegorias que representam a evolução de cada personagem.

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E o Bruno, hein? Gente, o Bruno é simplesmente um co-los-so de ator! Uma delícia de ver e ouvir. Não lembra em nada a criaturinha anódina que participou daquele equívoco chamado O Quatrilho. Estou tão viciada nas tiradas ambíguas do dr. Quentin Costa que a única coisa que eu penso em fazer na minha primeira noite sexta-feira livre em meses é ir correndo para casa para assisitr mais episódios e descobrir de vez quem é o "Açougueiro"!

Se der para cair uma chuvinha fina para compor o clima, eu agradeço...

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Ué, gente... se o mundo passa por uma extreme make over radical, meus hábitos também podem mudar.

Nada de saidinha hoje.

Não se assustem. É só medo de mais engarrafamento.

Mentira.

Mais ou menos.

É medo, sim. Mas é de eventualmente precisar disputar atenção masculina com adolescentes sexualmente orientadas pelo papai-galinha. É muita covardia.

Monday, November 27, 2006

O mundo animal também é gay

O franguinho vinha, desde que nasceu, sendo alimentado com carinho especial pela minha mãe, que queria assá-lo gordíssimo por ocasião da volta do meu irmão para casa depois de meses fora.
Ontem, no entanto, notamos que o rapazinho passa a se comportar de maneira curiosa diane de seus pares. Não pára de abrir as asas e imitar aquela cantoria tão característica de galinha prestes a por ovos. Aparentemente o mocinho está louco para dar à luz!

Será que foi culpa da criação diferenciada que ele recebeu?

Bem, o certo é que a família toda já se derrete de amores pelo mascote e é fato consumado que ele não vai mais parar em prato de senhor ninguém.

Resta apenas escolhermos um nome que reflita com fidelidade a elegância e o glamour que essa criatura espalha pelos quatro cantos do nosso modesto terreiro.

Alguém ajuda?

Thursday, November 23, 2006

The new Pô-pollyana way of life

*



- Pô, amiga, o pior é que eu entendo ele, sabe? Ele foi trocado por uma mulher quando estava super apaixonado.
- Eu também já fui trocada. Por várias mulheres. Nunca virei uma escrota.
- Ah, mas é diferente, pô.
- Diferente por que?
- Ah, pô, se você fosse trocada por um homem...
- Nossa, seria um alívio! Pela primeira vez na história da humanidade o não-é-você-sou-eu seria verdade. Fora que um enrustido a menos no mundo é sempre lucro...
- Pô... mas fora isso, ele é cheio de traumas, por isso não consegue se apegar...mas eu sinto que ele gosta de mim! Pô...tá na cara, tá no olho, tá no sexo...

Polyanna mode alert: começar a falar como o Wando..pi pi pi pi!

*


E trauma de ass é dick!

Contrariedades? Eu vim entregar o pedido!

Bem, para você conseguir a atenção dos alunos, nada de aulas-show ou de dinâmicas de relacionamento olho-no-olho. Basta adquirir um celular novo. Querendo silêncio, é só sacar sua arma como quem só está conferindo a hora para que os respeitosos sussuros se sucedam:

-Caraca, maluco, é um V3!

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Já pensou se o Jamelão não estiver presente à minha estréia no desfile da Mangueira? 50% menos emoção.
E será que ele já pôs a voz no samba?

Tá, sou uma vaca egoísta.

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Talvez por isso eu mereça certas decepções.

Garimpei um cara lindo numa balada gay. Nossa, e como beija bem!
Peneirando os assuntos ele acabou confessando que não era ainda, assim, um médico-médico. Ele na verdade tá se formando ainda. Só disse que era médico porque ele aumentou a idade em seis anos.

Acharam fofo? Bem, não foi a primeira conversa constrangedora a acontecer entre nós. Acho que no dia em que a gente se conheceu o papo rolou mais ou menos assim:

- Quantos anos você tem? Peraí...deixa eu advinhar...se você já é professora, deve ter pelo menos uns vinte e cinco. Mas não parece não, viu? Você malha?

Pedi um McDreamy e me entregaram um Mcteeny. E a gente nem brincou de médico...
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E o pior é quando, no meio da minha atração preferida da TV a cabo, aparece pela milionésima vez aquele comercial-poliana do Mercado Livre. É que, com-mais-de-vinte-e-cinco-porém-conservada, já não acredito mais na tampa na panela, no chinelo velho e na cara metade.

Mas sabe que às vezes me flagro no trânsito cantando a musiquinha-chiclete e cultivando a esperança em dias melhores?

Aqui a letra:

Someone is there, waiting for my song
I'm only looking for someone who sings along
When all my dreams, finally reach yours
we will uprise and maybe find our true love,
We will uprise and maybe find our true love.

E o vídeo para quem ainda não conhece ou para quem quiser só cantar junto mesmo:


Wednesday, November 22, 2006

Tuesday, November 21, 2006

Fim de uma era

Que outro cineasta vai conseguir contar histórias tão diferentes umas das outras em parceria com pessoas também tão diferentes umas das outras?















É entrega especial para o Wans!

Monday, November 20, 2006

Valeu, Zumbi: dia da consciência preta

Copyright by Ana Farias

Com esse eu casava e tinha filhos:


Com esse eu teria um relacionamento extra-conjugal:

Já com esse, eu me conformaria em apenas fazer sexo casual:

Friday, November 17, 2006

O beijo perfeito

*



Não importa que eu tenha desembolsado uma fortuna ou que aquele tal de VIVO RIO me lembre muito a Via Show. O que conta é que Bernard Summer (ainda que munido de tetas e de uma voz só pequenina) saiba ainda cativar uma platéia com seu jeitinho meio blasé, meio tímido, meio azedinho . Sem acrobacias no palco ou piadas baba-ovo na linha "I love you, Rio!".

Quem tem à sua disposição um repertório que passa por pequenas jóias do quilate de Temptation e Love Vigilantes se garante mais na singeleza dessas letras e no alto astral das melodias. Não precisa apelar para fantásticos jogos de luz quem tem o púbico tão à mão mesmo antes de a performance propriamente dita ter início.

Cada hit emocionava de forma mais arrasadora que o anterior. Sabe filminho da sua vida? Sabe aquela música que você gravou vinte vezes na mesma fita cassete para não ter trabalho de rebobinar? Tudo lá, de maneira mais que generosa. O show do New Order tinha que ser assim.

Foi bom gritar.
Foi bom pular.
We believe in a land of love!!!!

It's nothing I regret...

Mas fofo, fofo mesmo foi ver a amiguinha abordar um certo gato global em seu momento mais bombante para tirar uma dúvida que a impediria de dormir esta noite:
-Que novela você fez antes de Cobras e Lagartos?
-Ah...eu fiz mais de dez novelas.
-Você fez Chiquititas?
-Fiz, sim.
-Que temporadas?
-Só a última.
-Ah, eu não assisti a última... de onde eu te conheço então?

Sunday, November 05, 2006

Recesso: reality check

Estou de luto pela perda de um dos meus leitores mais participativos. Um amigo relativamente recente, mas muito muito muito querido.
Preciso de tempo para reorganizar as idéias e os meus sentimentos.
Talvez a serenidade volte amanhã de manhã ou talvez demore mais.
No meio tempo, aproveitem bastante para abraçar, beijar e declarar seu amor para as pessoas que importam na sua vida.

Tuesday, October 31, 2006

Superfreak: bruxinha em conflito

Me acusam injustamente de ter me tornado, com o passar dos anos, intolerante e agressiva. Gracinhas que aludem à TPM e à Síndrome de Malcom nem me irritam mais pois compreendo se tratarem das únicas armas a que podem recorrer os ingênuos em seu inútil ataque a meu caráter essencialmente azedo.

Eu disse a várias pessoas, por exemplo, que estava morrendo de medo de assistir Pequena Miss Sunshine. Um argumento perfeito aliado ao elenco dos sonhos só poderia, a meu ver, resultar em decepção. Nada poderia superar a minha expectativa.

Venci a negatividade e ganhei um novo filme preferido.

Vou tentar mais vezes. Mas não vou deixar de ser chata.

Bruxa pode chorar com dó de criança fofa?

Monday, October 30, 2006

O Vira da Mangueira

Tem umas noites na vida da gente que são meio inexplicáveis.
A gente começa maquiada e comportada fazendo linha séria no aniversário de queridíssima amiga intelectual. Centro cultural, piano-bar, cheiradores de vinho e intermináveis divagações sobre queijo podre.
Corta para o dia nascendo e filma nóis comendo churrasquinho de gato ao som do Proibidão da comunidade embaixo do viaduto da Mangueira. E loving every minute!!!!!

Ah, o samba tá aqui. Poderia ser mais a minha cara?

Quem sou eu
Tenho a mais bela maneira de expressar
Sou Mangueira...uma poesia singular
Fui ao Lácio e nos meus versos canto a última flor
Que espalhou por vários continentes
Um manancial de amor

Caravelas ao mar partiram
Por destino encontraram Brasil...
Nos trazendo a maior riqueza
A nossa língua portuguesa


Se misturou com o tupi, tupinambrasileirou
Mais tarde o canto do negro ecoou
E assim a língua se modificou

Eu vou dos versos de Camões
Às folhas secas caídas de Mangueira
É chama eterna, dom da criação
Que fala ao pulsar do coração

Cantando eu vou
Do Oiapoque ao Chuí ouvir
A minha pátria é minha língua
Idolatrada obra-prima te faço imortal

Salve... Poetas e compositores
Salve também os escritores
Que enriqueceram a tua história


Ó meu Brasil
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Hoje a herança portuguesa nos conduz
À Estação da Luz

Vem no vira da Mangueira vem sambar
Meu idioma tem o dom de transformar
Faz do Palácio do Samba uma casa portuguesa
É uma casa portuguesa com certeza!

LINDO!!!

Friday, October 27, 2006

A little bit of Sampa in my life

*



São três os livros.

Primeiro, lógico, Éramos seis. Sem nenhuma vergonha. Se alguém tivesse trocado o exemplar da coleção vagalume por alguma coisa supostamente mais substancial eu talvez não fosse hoje uma leitora.

Depois vem Anarquistas, graças a Deus e o percurso que eu adoro fazer ali na região da Paulista. A Alameda Santos pode até ter virado um reduto de yuppies e de publicitários modernexes, mas sempre que eu passeio por ali não resisto a procurar discretamente a oficina do Sr. Ernesto Gattai.

E tem também Brás, Bexiga e Barra Funda. Ufa! Enfim uma obra digna. Daquelas que fizeram a graduação valer a pena de verdade. O título remete a um circuito obrigatório pra quem quiser entrar em contato com um interessantíssimo (apesar de manjadérrimo) aspecto da vida paulistana: a Itália, ué.

A coisa toda não se resume ao Palmeiras e ao falar cantado avesso ao plural (influência clara da língua de Dante!). A manifestação mais comovente da cultura italiana no ruge-ruge da capital paulista se vê mesmo é dentro de um bom prato fundo. De preferência em cima de uma toalha quadriculada.

A cultura oriundi anda sumida da teledramaturgia brasileira mas já nos presenteou com pérolas do quilate de Pão Pão Beijo Beijo e Vereda Tropical. Novelas com núcleos italianos que abusavam das cenas de mesas fartas de encher os olhos e aguçar as fantasias até das criancinhas menos gulosas.

A segunda, inclusive, trazia como pano de fundo uma cantina e apresentava como tema gerador a conturbada relação entre a matriarca vivida por Georgia Gomide e seus trezentos filhos, todos apaixonados por ela.

Não, não se trata de mera caricatura. Na Itália eu olhava embasbacada aqueles homenzarrões transadérrimos, vestidos de Armani dos pés à cabeça, atravessando a rua de mãozinhas dadas com a mamma.

Mas dá pra entender.

Basta que você percorra quilômetros de São Paulo a pé num dia que começou escaldante e que resolveu virar frio de uma hora para a outra. Mais precisamente assim que você empacotou o casaco.

Diante de um contratempo desse porte , tudo o que a gente precisa para se renovar é de um pouquinho de massa quente no estômago e de uma meia-luz relaxante. Não importa o repertório Gigliola Cinquenti ao teclado se a fumaça que se desenha sobre o macarrão lembra a gente um pouquinho do calor de colo de mãe. E de que já é hora de voltar para casa.


*

Caso em São Paulo o rumo certo é o da Cantina Lazarella: http://www.lazzarella.com.br/index.htm

Tuesday, October 24, 2006

O avesso do avesso do avesso do avesso...

*

Certa vez ouvi de um amigo que Deus encontra, aqui e ali, suas maneiras de nos mostrar que se lembra de nós e que somos dignos de receber um naco de felicidade de vez em quando. Como no último sábado. Como é que um cara lindo como aqueles foi me dar trela justo numa casa repleta de mulheres perfeitas? Só podia ser Deus falando comigo.

Esse mesmo amigo disse que Deus, apesar de misericordioso, é também um grande piadista. Isso explica a insistência com que o gostosão introduzia a língua no meu ouvido, como se quisesse promover uma faxina nos meus tímpanos.

Alguém por aí sabe quem foi que determinou que língua no ouvido é um carinho tesudo?
Ou será que a motivação é mesmo sádica? O estupro de orelha é coisa de quem curte dominação?

Mas voltando ao rapaz. Ele era gato de verdade. A cara do Desmond de Lost e igualmente misterioso. Tá, confesso. Misterioso é eufemismo para bêbado-que-não-consegue-mais-falar-coisa-com-coisa.

Até talvez tenha sido por falta de capacidade de julgamento que ele tenha me escolhido em meio a tantas opções, mas não são umas rodadas de vodca pura que vão abalar minha crença nos desígnios de Deus.

E muito menos a minha crença na infinita inteligência desse meu amigo, que era quem realmente estava falando comigo aquela noite. Parece que tô ouvindo bem agora: "Honey...don't!"

*
Sampa continua maravilhosa com o COPAN reinando lindo e debochado no coração do Centro Velho. Louco para presenciar novos "causos". Volta logo, Stu!

Wednesday, October 18, 2006

AMOR DE IRMÃO

*

( Cazuza/Dé/ Frejat)

Está chegando
Um novo tempo de paz
Junto com a chuva
Indo embora pro mar
E num improviso da jazz
Nossas manias se encontram

Está chegando
Um novo tempo de paz
Tanto faz
Com quem esteja a razão

Vamos ser amigos
Enfrentar os perigos
Não amargar nenhuma tensão

Sem paixão, tanto faz
Amor de irmão ta valendo mais

Tá valendo mais
Que qualquer coisa na vida
Mais do que qualquer grilo
O tanto que a gente amou
E ficou


O que antigamente era vida ou morte
Foi ficando real mais forte
E nossos corações já não sofrem
Do mal da última palavra
E nossas conversas serão
Doces sobremesas calmas

*
BEIJO ENORME!

ECLÉTICA, EU?

Sempre tive problemas com essa palavra.
Antes eu não conseguia precisar seu sentido. Confundi durante muito tempo eclético com etílico.

Assim que me apropriei de seu significado me tomei de antipatia por ele, já que eclético às vezes é sinônimo de confuso, escorregadio ou simplesmente chapa branca.

Ser eclético nem é bem coisa de gente que tem medo de se decidir. Afinal de contas, devemos reconhecer que mesmo declarar-se eclético já constitui uma tomada de posição.

No entanto, quem vai negar que o ser eclético não tem lá seu medinho de compromisso ou de, no mínimo, abrir mão de algumas opções?

Mas bem quando a gente acha que pode sair por aí julgando todo mundo e criticando os ecléticos assumidos.... a vida nos dá uma porrada de leve e a gente se dá conta de que a pedra bateu no há muito esquecido telhado de vidro .

Mas é essa própria recordação da ancestral fragilidade que nos faz, de quando em vez, exercitar a tolerância e a humildade perdidas no mar de cinismo que a gente precisa navegar para viver de forma minimamente digna.

Assumo meu momento ao mesmo tempo eclético ( no sentido mais repulsivo e em cima do muro da palavra) e etílico. Daqueles em que a gente soa melhor quando fala pela boca dos outros. E em que a gente se distrai confeccionando uma lista para lá de eclética com as músicas da semana:

1. Bizarre Love Triangle (New Order)
2. Quase nada (Zeca Baleiro)
3. Não quero mais amar a ninguém (Cartola)
4. Fly me to the Moon (Frank Sinatra)
5. Amor de irmão (Barão Vermelho)

*

Juro que não é campanha para desvincularem minha imagem do funk...

Sunday, October 15, 2006

Ao mestre, com carinho














Young teacher, the subject of schoolgirl fantasy

“Professor, você é casado?
...
Não?
...
Professor, você tem quantos anos?
...
30?
...
Professor, você tem namorada?
...
Professor, você é viado?”


Another brick in the wall

A sala é das poucas na escola que têm janela para rua. Ouvindo gritos vindos de fora a professora se aproxima para verificar o que se passa e quase leva uma pedrada na testa. Para sua surpresa é uma aluna da mesma turma que jogava tijolos contra a parede como forma de chamar a atenção de quem estava na aula. Sem um menor pudor a menina lhe grita do outro lado da calçada:

“ Caraca, tá todo mundo surdo? Professora, pede aí pra Renata trazer minha mochila! Eu tô vazando.”


Uma professora muito maluquinha

“Professora, sai da frente. Eu quero copiar”
“Não”
“Poxa, professora, como a senhora é ignorante!”



O professor aloprado

Entre um emprego e outro ele vinha, como de costume, atrasado e não viu o guardinha escondido atrás da árvore de bloco na mão bem na hora em que ele ultrapassava o vermelho. Ao som do apito, preferiu parar.

“Tem como a gente conversar?”
“Se eu tivesse tempo pra conversar não furava o sinal”


Teache-er/ there are things/ that I don’t wanna learn...

“Por que eu tenho que aprender
Ingreis se nem brasileiro eu falo direito?”
“Por que eu tenho que aprender essas coisas que aconteceram há duzentos atrás?”
“Por que eu tenho que aprender matemática se existe calculadora?”


Embarque nesse Carrossel...

A mãozinha levantada lá no fundo da sala anunciava que uma alma caridosa prestava atenção naquela aula que quase todos os alunos ignoravam.

“Fala, Thayannnyh”
“Profi, tu estragou teu cabelo.”



High school musical

Batucada no fundo da sala: “Ela senta/ ela grita/ ela chora/ pirocada na xoxota!...”



Yo soy rebelde...

“Professor, é pra copiar?”
“Se você quiser pode levar o quadro para casa...”
(...)
“Profesor, quero beber água.”
“Acabou a água”
“Então deixa eu ir no banheiro”
(...)
“Professor, eu pago seu salário!”
“Ah, paga? Eu ganho mais ou menos 400 pra atender essa turma de 40 alunos, o que significa que você me paga 10 reais por mês. Toma 20 e some daqui!”
(...)
“Professor, vai tomar no cu!”
“Me dá que eu tomo!”


O professor refém

As situações relatadas acima não são fruto da minha fértil imaginação ou retiradas as aulas do Professor Girafales. Elas aconteceram realmente e se repetem no cotidiano das escolas públicas e particulares de todo o Brasil e são resultado da situação caótica e melindrosa em que as escolas foram postas após a má aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê aos alunos exclusivamente milhões de direitos e nenhum dever.
Deixo para vocês a recomendação do livro da Tania Zagury, que conta essas e outras agruras pelas quais temos passado.
Especialmente indicado a quem ainda pretende, mesmo nesse mundo louco, ter um filho.

Saturday, October 14, 2006

Tuesday, October 10, 2006

VEM TODO MUNDO!!!!!!!!!!!!

*

Acabei de pensar numa coisa. Se os 40 são os novos 20, como andam dizendo por aí, eu estou ainda no início da adolecência e tenho licença para fazer algumas coisas inconseqüentes e vergonhosas. Tipo ir ao baile funk. E dançar na grade. E fingir que eu não ouvi alguém se escandalizar: "Pro-fes-so-ra?????".

O bagulho tá sério

O show do Mr. Catra começou relembrando o início da carreira, quando o cantor se empenhava em retratar o cotidiano de violência da favela de forma extremamente crua e visceral. Delicioso ouvir clássicos como "Retorno de Jedi" e "O Simpático", mas a galera aque tava ali -nunca vi a Fundição Progresso tão cheia em toda a minha vida lapeira! - queria mesmo era reverenciar a nova fase do MC, que parou de poetizar a pracinha de comunidade e agora só fala de alcova.
Quando ele gritou: "Vai começar a putariaaaaaaaaaaaaaaaa!" eu me senti em Sodoma, Gomorra, sei lá onde... parecia que eu tinha penetrado um universo paralelo regido por Eros doidão de ecstasy e viagra.
Eu gosto do Catra engajado, mas assumo que morro de rir com as baixarias por cima de "Tédio", do Biquíni Cavadão (que virou "Adultério na 4 X4") e "Ela dança eu danço", do MC Leozinho ( que virou "Ela mama meu ganso") . Tenho até uma versão preferida. E ela remete a igualmente inconfessáveis tempos micareteiros:

"Meu boneco duro é assim
Dá uma pegada, dá um beijim
(...)
Gata, não precisa nem sentar
Da uma pegada pra tu ver
Que o meu boneco duro
vai te dar muito prazer"


Playboy Norótico

Por falar nisso, tinha homem a dar com pau por toda a Lapa. Para o fã-clube do pretinho básico, adeus às ilusões. Os poucos negros presentes à festa eram cantores, dançarinos ou staff. Era um festival de torsos branquelos-malhadíssimos rebolando empolgados que bem lembraria uma boate gay não fossem o excesso de mãos bobas e as cantadas pouco objetivas. Talvez as letras tenham potencializado a atmosfera sexual e a xepa ( que normalmente se instala às três da manhã) já andava à toda pouco depois da meia-noite. Uma guerra...


"Todas as meninas pensam em se divertir...dança-a-ar!"

O show de abertura ficou por conta da nova menina de ouro do DJ Malrboro. Para quem não sabe, a Perlla ( "Tremendo vacilão") está para essa nova fase do funk como Elvis Presley para os primórdios do rock. Colocaram um garoto branco e bonito para cantar e dançar a música dos negros na TV... não foi isso?
Bem, não se pode dizer que a figura da nossa amada Tati Quebra-Barraco esteja 100% de acordo com os atuais padrões de fotogenia estabelecidos pelo mainstream. Bom para a Perlla-gatinha.

É impressão minha ou ela já está totalmente antenada com a MPB respeitável? Vejam as fotos e leiam as letras:

"Lembra quantas vezes você já me fez chorar?
O mundo dá voltas
Sai, que a fila vai andar"

"Mas eu não caio do salto, não brigo (...)
Sai, que a fila tem que andar"

O Diabo veste Gang Rio

Aliás, o girl power é o grande tema gerador desse novo funk carioca. Quando eu olho para as dançarinas penso em como aquelas bundas enormes se mantêm de pé a despeito de todas as leis da física. Aliás, diante de alguns rebolados e agaxamentos, Einstein teria repensado algumas de suas teorias.
Mas o que faz a gente se sentir diminuída mesmo, é ouvir a Deise Tigrona cantar com a maior naturalidade:

Sou tigrona chapa quente , adoro muita pressão
Gosto de ser acorrentada e levar tapão no popozão
Pichadão vem de chicote , querendo me algemar
Me botando imposição já pronto pra martelar

Vem de chicote, algema
Corda de alpinista
Daí que eu percebi
Que o cara é sadomasoquista

E ela se declara evangélica. Não tem como pagar de mulher liberada depois dessa...

JABÁ HOUR

Mas quem quiser saber a sério sobre a evolução do funk carioca não pode perder o livro da queridíssima jornalista Janaina Medeiros (Funk carioca: crime ou cultura? Ed. Terceiro Nome), que cobre toda a história dos tempos da Banda Black Rio ao "sou-feia-mas-tô-na-moda", convidando o leitor a desnaturalizar algumas noções equivocadas sobre esta mais do que legítima forma de expressão popular.
Aos resistentes, alguns bons motivos para que não se não espere pela Ploc 00 ou tela Trash 2000 para se jogar num pancadão:
1) A gente não sabe se essa coisa dos 40 serem os novos 20 vai realmente pegar.
2) O funk pode virar o novo samba. Aí ninguém mais vai poder rir.
3) "Eu quero ver tu rebolar/ a-han/ com tudo dentro!"

Friday, October 06, 2006

Para a jaqueira. Agora!

*


Ando extremamente otimista. Não sei bem a que atribuir o meu surpreendente – e espero que temporário – posicionamento poliana diante da vida , mas meu olhar sobre algumas coisas teima em não aderir a corrente de negativismo deflagrada por alguns acontecimentos recentes.
Tomemos como exemplo o resultado das eleições. Todo mundo revoltado e eu rindo à toa. Fora a alegria de ver o Chico Alencar e o Marcelo Freixo de mandato na mão, contemplo satisfeita a perspectiva do segundo turno. Político algum ao alcance dos meus olhos merecia levar a eleição de mão beijada e de forma consagradora. Torço pela virada aqui e temo pela virada lá, mas é pra torcer e temer que a gente tá na vida, não é mesmo?
Tá bom, retornam a Brasília sanguessugas e mensaleiros, mas não todos. Houve renovação em algum nível, ainda que mínimo. Me processem, mas consigo enxergar certa dignidade na eleição do Clodovil.
Mas o que me deixou feliz de verdade foi ver a decepção estampada em alguns focinhos locais. Especialmente nos das raposas PMDBistas que se criam em cima da falsa filantropia dos famigerados Centros Socias.
Não sei se essas pragas já se espalharam pelo resto do Brasil, mas um Centro Social funciona mais ou menos assim: políticos oferecem cursos e tratamento médico de baixa qualidade a pobres que não recebem nada do governo, tornando-se heróis das vidas dessas pessoas a quem o estado abandona.
Para continuar garantindo a caridade tanto a clientela quanto os funcionários precisam votar eternamente nesse mesmo político, que acaba dependendo da perpetuação da miséria para se manter no poder. Perverso, não?
O curioso é que aqui na Baixada Fluminense a maioria desses caras, que davam como certa a eleição, acabou fazendo feio mas urnas. Me delicio com o ar desapontado de cada correligionário que cruza meu caminho vestindo semblante abatido 2006: “Ele foi injustiçado...”
Morro de rir! Será que só eu vislumbro um futuro em que o povo – e em especial a população de baixa renda – vai continuar dando calote em plataformas populistas, condenando-as à merecidíssima jaqueira?
Contextualizando os forasteiros, em Duque de Caxias, diz-se do político que não se elegeu que ele jaqueirou. Reza a lenda que num ancestral pleito os candidatos esperavam tensos os resultados das urnas à sombra de uma frondoso pé de jaca. Uma vez certos da eleição iam comemorar enquanto os perdedores permaneciam embaixo da arvore, expostos ao escárnio e àhumilhação da derrota política, desde então associiada à jaqueira por todo e qualquer cidadão caxiense. Da Câmara de Vereadores à feira dos nordestinos, em véspera de eleição todo mundo especula acerca das prováveis jacas da estação.
Como se vê, o folclore local deu conta rápido de tripudiar dos maus políticos, mas os eleitores bem que dão sinais de estarem aprendendo a se vingar também. Nessa disputa em particular, com louvor, já que algumas jacas trazem em comum no outdoor um “projeto social” e um nome em diminutivo, tal qual seu diabólico mentor campista.

Tem lugar para muita gente, eu sei. A jaqueira é uma árvore de grande porte que ainda pode abrigar derrotas mais significativas para o tão sonhado processo de saneamento político no estado do Rio de Janeiro. Em 2008 espero que a eleição municipal já nos ofereça alguns gominhos em forma de aperitivo.
De olho no futuro, a gente vai comemorando as jacas presentes. Surpreendentemente, a minha preferida nem é caxiense.Para quem não sabe, o cartola-paquiderme Eu Rico Miranda não volta ao Congresso Nacional. E não só os vascaínos têm motivo pra comemorar. Juro.


Tudo sobre a JAQUEIRA e sobre a História da Baixada no caprichadíssimo blogue de Josué Cardoso: http://josuejornal.blogspot.com