Amiga C, shidoshi absoluta, sempre diz que no dia em que ela resolver cirar um blog, tanto a Ana quanto eu vamos ficar absolutamente sem assunto.
Seria mesmo difícil para mim se ela própria resolvesse publicar as geniais tiradas sarcásticas que ela usa para tecer as mais lúcidas e cruéis teorias sobre o comportamento humano sempre que o Sex in Nikity se reúne.
A minha tese preferida é a do Mundo Bizarro. Aquele espaço onde os super-heróis sempre agem ao contrário do que determina sua boa índole, lembram?
É claro que a teoria surgiu para explicar o sumiço de mais um homem da vida de alguém, mas isso nem vem mais ao caso já que a gente aprendeu a aplicar o mundo-bizarro-mode a qualquer estranheza que se apresente diante de nós.
Ou no meu caso para justificar algumas merdas que eu faço. Ou eu digo que foi culpa do meu eu lírico ou que foi a Andrea-Bizarro.
Durante o forçado recesso da semana passada encontrei tempo para baixar as primeiras temporadas de duas séries interessantíssimas que, a princípio, teriam muito pouco em comum. Não fosse, lógico, estarem no centro da ação duas personagens que fazem de tudo para convencer o mundo em volta de que não são o que são , tentando a todo custo esconder sua porção bizarro.
A primeira série é The Comeback, já cancelada, que traz Lisa Kudrow no papel de uma atriz veterana que volta a TV depois de dez anos e que tem o seu retorno registrado 24 horas por dia para um reality show diante do qual ela tenta de maneira patética amenizar todas as humilhações que a volta à TV lhe impõe.
Não importa o quanto seja ridicularizada pelas duas equipes, a do seriado Room and Bored e a do The Comeback, Valerie Cherish é sempre só sorrisos e gentilezas a seus algozes porque sabe que qualquer passo em falso pode ser a ruína do que ela se esforça para acreditar ser uma grande chance.
O programa foi muito bem recebido pela crítica norte-americana e Lisa foi até indicada ao Emmy mas o retorno da audiência ficou muito abaixo do esperado. Alguns acusaram Kudrow, injustamente, de ser a atriz de um papel só: o da avoada, como a Phoebe de Friends. Mas Valerie Cherish é uma avoada diferente, que precisa fazer o jogo do contente para convencer o mundo, e principalmente a si própria, de que ainda pode voltar a ser uma estrela.
É preciso um pouco de perspicácia para captar a sutilieza da interpretação da atriz e a sofisticação do formato da série que acaba valendo por três: pela Valeria Cherish de verdade, pela tia Sassy de Room and Bored ( e seu fabuloso bordão " I don't wanna see that!", que tem tudo a ver com a "cegueira" de Valerie para a realidade) e pela Valerie que tenta se vender classuda para as câmeras da equipe de Jane, produtora do tal reality show.
O outro seriado foi também premiado e incensado pela crítica: Dexter, baseado nos romances de Jeff Lindsay, que sobrevivem de maneira poética na narração da personagem-título, emprestando ao drama uma irresistível atmosfera de film noir.
Dexter Morgan é um profissional forense que, nas horas vagas, se ocupa de assassinar com requintes de crueldade os criminosos que comprovadamente conseguem driblar o sistema e se livrar da cadeia. O que faz do nosso CSI exatamente o que: um justiceiro ou um serial killer?
No elenco irretocável se destaca principalmente Michael C. Hall na composição do personagem título em todas as suas facetas aparentemente disparatadas: a debochada, a insensível, a ensusiasmada, a sádica, a protetora, todas verdadeiras e fingidas a um só tempo.
É também muito bom rever James Remar, o Richard de Sex and the City, como o sofrido policial que é capaz, desde muito cedo, de detectar em seu próprio filho a índole de um assassino frio e irreversivelmente condenado a matar a despeito de qualquer boa educação que venha a receber.
Além de tentar canalizar a verve sanqguinára seu amado garoto para o lado " do bem", o sargento Morgan também lhe ensina aos principais truques para que ele assuma uma aparência o mais normal possível com o intuito de que nunca seja desmascarado em toda a sua monstruosidade. E assim cresce Dexter.
Aqui embaixo , a belíssima abertura do programa que mostra o quão violentas podem ser algumas das mais prosaicas tarefas que desempenhamos no cotidiano.
E sim, garotas, o Dexter é um gato, mas ainda não estreou na TV brasileira.
Chorando com a comédia de Valerie ou gargalhando do drama de Dexter a gente vai levando a vida também de maneira contraditória, abafando nossos próprios bizarros para não assustar o mundo.
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9 comments:
putz, será que esse comment vai? disse eu antes que tinha visto o primeiro da sério SEx n da city, que legal, perdi o tesão de comentar, pÔ!!!
The Comeback é MUITO MUITO boa. A Lisa Kudrow mandou muito bem, a Valerie Cherish e a Phoebe são totalmente diferentes. Caso fosse uma atriz menos competente interpretando as duas o resultado seria similar, mas não foi o caso.
E Dexter é foda também. Essa, pelo menos, terá segunda temporada. O Michael C. Hall é tudo.
tô começando a odiar vcs por assistirem tantas séries!
Gente, vamos sair! tirem a bunda do sofá!
Oi.. nunca vi nenhuma das séries. A da Lisa Kudrow já tinha ouvido falar.Deve ser legal. Pena que já foi cancelada.
Gostei do bizarre mode. Acho que até vou utilziar quando fizer alguma burrada enorme. Direi que foi a minha parte bizarra que fez...será que cola? Risos
Beijos!
Hahaha... Legal essa abertura.
Quanto a The Comeback, você sabe, eu AMEI!!!
Ver a Valerie fazendo taaanto esforço pra fazer essas coisas que vc disse (atenuar as catástrofes que aconteciam com ela, manter a pose, sorrir pros seus algozes, rs) me dava pena ao mesmo tempo em que me mostrava o quanto eu devo agradecer por ter um pouco mais de amor próprio e noção do ridículo do que ela.
Interessante essa história de mundo bizarro... Não sei bem quais são as atitudes que é o meu eu bizarro que toma, vou pensar a respeito.
Déia, esse post reune 2 incríveis atores e duas perguntas: Consegue Michael e Lisa saírem dos papéis que marcaram suas carreiras? A resposta sem dúvida é: SIMMMMM!
Não há resquícios de David Fisher de A Sete Palmos em Michal. É absolutamente incrível a composição do personagem.
A série é absolutamente genial. A fotografia é ótima e os diálogos deliciosos de se ouvir. Essa, junto com Heroes são as minhas favoritas no momento.
Já Lisa Kudrow, conseguiu de forma espetacular tb driblar a Phoebe. Não há nada da personagem maluca e sem noção de Friends. Genial!
Quanto a abertura de Dexter, bem, essa foi a abertura mais dúbia e incrível que eu já vi. É por isso que o canal Showtime tá sendo chamada de nova HBO. E que venham mais...
caralhoqueaberturafoda! foda!
melhor abertura ever!
foda foda foda!
No mundo bizarro vc seria a sua versão quadrada, néam.
Faltou dar uma explicação prática. Exemplo: amiga C é chegada em garotões malhados de 20 anos. Se ela acha que tem chance de conquistar um, a gente pode dizer que isso só aconteceria no mundo bizarro dela. Eu, no meu mundo bizarro, sou casada e tenho 4 filhos simpáticos, inteligentes, estudiosos e obedientes.
No seu mundo bizarro... bom, não vou te dedurar.
Por coincidência, vi hoje o primeiro episódio de "Dexter" e gostei muito! Concordo com o Wans: não há o menor resquício de David Fischer no assexuado Dexter de Michael C. Hall (que está um gato!)
Não acompanhei "The Comeback" quando passou na HBO, mas vi um episódio e também achei que Lisa Kudrow se desvinculou de Phoebe, o que não é tarefa fávil, depois de viver o mesmo personagem por 10 anos...
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