Friday, December 07, 2007

Me convidaram pra esta festa pobre...

Vocês conhecem bem a minha política de silêncio em salão de beleza, mas ontem eu meio que fui encurralada por uma cabeleireira que pretendia conseguir para o filho uma vaga na escola em que eu trabalho.

Eu tentava explicar a ela que os dias de matrícula já estavam definidos e que ela apenas precisava se dirigir à escola munida de documentação para firmar a inscrição, mas ela insistia na garantia do meu apadrinhamento, totalmente desnecessário no caso.

-Você vai dar uma força, né?

Para evitar o comprometimento de um dos poucos processos realmente democratizados nesse país - o acesso à escola pública fundamental - acabei revelando que não estaria na mesma unidade em 2008 e função da diminuição de turmas no segundo seguimento, o que acabou me tornando uma professora excedente que passaria as festas provavelmente procurando eu própria lugar para trabalhar.

Aí quem se meteu na conversa foi aquela moça, a sofrida namorada de F.P. , alto funcionário da prefeitura, deixando bem claro que apenas uma ligação dela me separava da lotação em qualquer escola onde eu desejasse trabalhar.

Eu acho engraçado que eu nem ofereci e nem pedi ajuda e sequer vi qualquer necessidade de fazê-lo, mas parece que a política do pistolão e o hábito de acionar quem possa mexer pauzinhos é sempre a primeira opção para muitos brasileiros. Acho que o descrédito nas instituições é tal que ninguém mais acredita que qualquer trato com a coisa pública ainda possa ainda ser legítimo e imparcial.

O hábito de oferecer e pedir favorecimentos é mesmo um traço inexpugnável de nossa cultura?

10 comments:

Renata said...

e pior que é viu, colega?

não tem um semestre sequer que minha mãezinha não é abordada e que o telefone aqui de casa não toca em Janeiro querendo vaga, pq a D. Lucinha é conhecida na cidadela onde leciona por trabalhar numa conceituada escola pública onde as vagas são concorridas...

ô povo que não se emenda!

Andrea said...

Rê, na minha escol não tem concorrência, tem até sobrado vaga...

Anonymous said...

é, andrea. é assim q funciona.tem jeito não...

Andrea said...

Dizem que Pero Vaz de Caminha iniciou o processo pedindo um favor a El-Rey D. Manuel já na carta do achamento.

Renata said...

e o povo morre de orgulho de prestar favor.

olha, eu sofro do mal do filho de funcionário público, não posso nem ouvir em favor desse tipo, tenho pavor. só eu sei como minha mãe quer socar quem vem pedir pra ela ver quanto ele deve pra receita ou pra descobrir qual é o problema com o cpf dele. nunca consegui pedir favor nenhum, não desse tipo.

te juro que até proteção policial já pediram a minha mãe, porque ela tem muitos amigos na pf.

Marion said...

O pior é que acham que vc tem obrigação de ajudar... e não presta o tal favorzinho acham que vc é metido a besta. Ninguém pensa que vc quer apenas fazer o certo.

Ana Roberta said...

a solução para o Brasil é ser descoberto de novo.
claro, depois de uma limpa.

fabiana said...

Se você não aceitar vão te chamar de honesta! O que é pior? MUndo cão!

Gileade said...

Também já passei por pessoa de "má vontade com os "amigos" por não dar forcinha na inscrição do filho de uma conhecida... Não é mole, não!

Cinthya Rachel said...

nao gosto desse negocio de pistolao tb, mas o pior eh que aqui nesse pais funciona assim mesmo