Over the cuckoo's nest

Outra coisa igualmente difícil para um professor, além de conseguir fazer o seu trabalho, é se encontrar numa roda de conversa com pessoas com quem ele pouco ou nada tem em comum.

A gente precisa SEMPRE participar do papo, da atenção, da curiosidade...alguns até forçam a barra para dominar o assunto , mas essa linha agressiva não faz muito o meu feitio.

Domingo, numa reunião de grávidas e ex-grávidas na casa da minha irmã, eu matinha uma postura low-profile até que a temática, que só oscilava de marca de fralda para estilo de parto, passou por uma intrigante guinada e eu não consegui disfarçar meu súbito interesse pelo mundo das mamadeiras.

Uma das mulheres presentes, mãe de dois filhos já, filosofava acerca do quanto se sentia sexualmente poderosa durante a gestação.

E ela começou a contar de um cara para quem ela pagou paixão por anos que , ao saber do estado interessante em que ela se encontrava, suplicou por um encontro para falar de todas as baboseiras que vocês podem imaginar.

Que ela era a mulher da vida dele, que o filho poderia ter sido dele, que a culpa era toda dele...enfim, um espetáculo lamentável e egocêntrico sob a triste forma de letra de bolero.

Diante da recusa dela em se render ao baixo nível do texto, ele ainda insiste:

-Se eu te pedir uma coisa, só uma, você jura que faz?

-Depende. Não vou prometer sem saber o que é.

-Por favor...

-Fala...

E pintou o pedido, "de uma poesia ímpar":

- Quando você estiver bem barriguda, bem grandona... deixa eu te ver só de calcinha?