Monday, May 21, 2007

Começar de novo

Em fins dos anos 70 o Brasil vivia a pré-história do women's lib e ainda cultivava uma certa estética riponga para lá de fora de hora.

Deve ter sido a primeira vez na vida em que Regina Duarte trajou calças jeans em cena. Ou fumou. Ou bebeu. Ou beijou de língua.

Tá...não dá para levar muito à sério qualquer forma de interação romântica que conte com a participação de Neila Torraca. Ou Narjara Turetta. Ponto.

No entanto, abstraindo-se a precariedade técnica, é confortante constatar a honestidade com que os temas então controversos foram explorados a cada episódio de forma mais do que satisfatória. Mesmo para os padrões atuais.

Alguns, como o desquite e a violência doméstica, já não causam celeuma, mas me surpeendi ao me dar conta de que esse talvez tenha sido um dos poucos programas, em toda história da TV brasileira, a discutir o aborto de forma franca e isenta.

É claro que, no melhor estilo Manoel Carlos -principal redator dos episódios que compõem a caixa Malu Mulher - tudo é muito didático e apolítico, mas não há como negar o caráter revolucionário dessa série de indiscutível interesse para quem assumidamente curte teledramaturgia.

E não apenas como documento de época.

Afinal de contas, a síndrome Malu, supera fronteiras de tempo e lugar e acomete mesmo as mais descoladas estrelas hollywoodianas em sua busca por reconhecimento ou um prêmio da Academia.

Meg Ryan teria matado por esse papel e Julia Roberts - bem mais sortuda - encontrou sua Malu ( e seu Oscar!) em Erin Brokovitch, mulher-guerreira-e-real-que-trabalha-e-cuida-de-filhos.

Interpretar uma figura assim virou uma espécia de rito de passagem para qualquer protagonista romântica que pretenda ser levada à sério como atriz.

Aliás...alguém avisa aí para a outra Malu - a Mader - que a hora dela já chegou?

"Vai valer à pena...ter amanheciiidooooo..."

*

Pra quem não lembra:


15 comments:

Ana said...

Nunca ouvi falar. Tenho certeza de que não é da minha época.

Ana said...

(falando sério agora: você deveria publicar essa resenha)

San Lee said...

Oi, eu que agradeço pela honra da visita... pode me linkar, e já te linkei... vc escreve bem pra caramba!!! Bjs!

Anonymous said...

Malu mulher é aquele onde ela era viú8va do que foi sem nunca ter sido?

Sei lá, eu não reconheço nada anterior a Carrossel.

Olha...e se eu pudesse entrar na sua vida... said...

kkkkk, sacanagem desse povo aí... Malu Mulher, onde Fagundes ainda era AQUELE FENOMENO! me lembro, mas malu mader, vc acha mesmo?

Meg Ryan nunca, nasceu pra ser otária, tem de fazer papizinhos "you've got mail" pra sempre!

Andrea said...

Feito, San!

Fagundes de sunga vermelha...Amizade colorida?

Meg Ryan tentou em "Quando um homem ama uma mulher", mas ela era só uma bêbada, nada "guerreira"

Adoooooro Malu, linda...bem Malu tb tenta, já fez umas 27 putas...mas quando se presta a ser rival da Maria Flor ( que tem idade para ser filha dela) eu acho mico!

fabiana said...

Revendo essas cenas aí, e revendo Narjarinha em uma das cenas, dá pra entender a revolta dela... hahahahahahahaha

E tipo, Denis Carvalho, minha gente. O que é isso? Ele lembra demais meu velho pai nos tempos dos cocos... hahahahaha

Andrea, que bom ter você de volta, já estava escrevendo pra Sônia Abrão à sua procura! =D

Anonymous said...

eu adorava essa série. beijos, pedrita

anouska said...

(...) você deveria publicar essa resenha. [2]

nem me fale no fagundes novo e ainda por cima de sunguinha, querida. muito bão.

agora, revendo isso não posso deixar de pensar que houve um tempo em que regina duarte fazia algo que prestasse. o problema é que ela perdeu o bonde da história e continua vestindo esse modelito "sou-guerreira-pra-caralho". num tem mais idade nem cara pra isso, me poupe. na década de oitenta, malu mulher juntamente com 'ciranda cirandinha' (lembra?) faziam a revolução na sala da classe média. bjs

Ana said...

E "ser-guerreiro-pra-caralho" não tá na moda, néam.

Posso saber por que vc falou com todo mundo, menos comigo?

Vc sabia que, na primeira fase da novela, Malu tem VINTE E OITO ANOS??????? Se era pra parecer mais nova, deveriam ter colocado a Yoná Magalhães pra fazer o papel de Eva!

Andrea said...

ok, te odeio, Ana...vc disse tudo o que eu queria dizer sobre ETERNA MAGIA ...num sobrou na-da...uénnn!

Anonymous said...

Eu lembro vagamente de Malu mUlher. Assistia algumas coisas, mas acho que não seguia sempre. A série tem seu valor pela franqueza no tratamento dos assuntos. Pena que hoje isso seja tão raro. O mundo politicamente correto acaba tosando a liberdade de expressão. Há sempre o medo de ofender alguém e isso é um saco!

Beijos

E eu ainda não vi a Malu na novela nova!

Andrea said...

Cris, o capítulo do aborto é beeem Ciranda-Cirandinha, Lucélia santos grávida de Fábio Jr.


Geeeeeente...eu também não lembro não, tá? Vi essa briga aí umas cem vezes, mas no Vídeo Show!

Quer dizer...lembro cagamente da Regina Duarte roendo as unhas na abertura. E do quanto minha mãe dizia pra eunão roer as sunhas.
Acho que eu não tava nem na escola ainda.

Ana said...

Você lembra cagamente?

...

Faz sentido.

Andrea said...

Pága, gagota!