Friday, October 27, 2006

A little bit of Sampa in my life

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São três os livros.

Primeiro, lógico, Éramos seis. Sem nenhuma vergonha. Se alguém tivesse trocado o exemplar da coleção vagalume por alguma coisa supostamente mais substancial eu talvez não fosse hoje uma leitora.

Depois vem Anarquistas, graças a Deus e o percurso que eu adoro fazer ali na região da Paulista. A Alameda Santos pode até ter virado um reduto de yuppies e de publicitários modernexes, mas sempre que eu passeio por ali não resisto a procurar discretamente a oficina do Sr. Ernesto Gattai.

E tem também Brás, Bexiga e Barra Funda. Ufa! Enfim uma obra digna. Daquelas que fizeram a graduação valer a pena de verdade. O título remete a um circuito obrigatório pra quem quiser entrar em contato com um interessantíssimo (apesar de manjadérrimo) aspecto da vida paulistana: a Itália, ué.

A coisa toda não se resume ao Palmeiras e ao falar cantado avesso ao plural (influência clara da língua de Dante!). A manifestação mais comovente da cultura italiana no ruge-ruge da capital paulista se vê mesmo é dentro de um bom prato fundo. De preferência em cima de uma toalha quadriculada.

A cultura oriundi anda sumida da teledramaturgia brasileira mas já nos presenteou com pérolas do quilate de Pão Pão Beijo Beijo e Vereda Tropical. Novelas com núcleos italianos que abusavam das cenas de mesas fartas de encher os olhos e aguçar as fantasias até das criancinhas menos gulosas.

A segunda, inclusive, trazia como pano de fundo uma cantina e apresentava como tema gerador a conturbada relação entre a matriarca vivida por Georgia Gomide e seus trezentos filhos, todos apaixonados por ela.

Não, não se trata de mera caricatura. Na Itália eu olhava embasbacada aqueles homenzarrões transadérrimos, vestidos de Armani dos pés à cabeça, atravessando a rua de mãozinhas dadas com a mamma.

Mas dá pra entender.

Basta que você percorra quilômetros de São Paulo a pé num dia que começou escaldante e que resolveu virar frio de uma hora para a outra. Mais precisamente assim que você empacotou o casaco.

Diante de um contratempo desse porte , tudo o que a gente precisa para se renovar é de um pouquinho de massa quente no estômago e de uma meia-luz relaxante. Não importa o repertório Gigliola Cinquenti ao teclado se a fumaça que se desenha sobre o macarrão lembra a gente um pouquinho do calor de colo de mãe. E de que já é hora de voltar para casa.


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Caso em São Paulo o rumo certo é o da Cantina Lazarella: http://www.lazzarella.com.br/index.htm

10 comments:

Anonymous said...

Que inveja por não ter te acompanhado.

Adoro essas cantinas italianas que há em SP. Da próxima vez te levo no Generale, ok?

Ana said...

Eu só li (e amei) "Éramos seis". Isso deve dizer muito sobre o quanto aproveitei da minha graduação em Letras.

Anonymous said...

eu te odeio, andrea. você aqui em sampa poderia ter aproveitado a oportunidade para me apresentar uma sampa que eu não conheço.

e as inversões térmicas são tão comuns que nem presto mais atenção nelas.

filha, se tudo der certo, vou pra campinas ano que vem e não te verei nunca mais, sua vaca.

eu te odeio.

Andrea said...

Jenilda, vc vai conseguir ser feliz sem que eu te apresente o Rio do Machado?

Anonymous said...

confesso q morri de chorar com éramos seis!

Syrena said...

affffffff...
me deu a maior fome agora!!!
bjs

Anonymous said...

Adorei seu blog! Nem precisa perguntar pra que blog: para que nós, mortais, possamos ler textos de qualidade como os seus!!!
Bem, quanto a SP, q tenho ido com + freqüência este ano mas ainda conheço nada, dizem meus amigos de lá que é uma cidade onde as quatro estações ocorrem durante 24 horas: vc tem q sair de casaco, sunga e/ou biquini, jeans ou uma blusinha + grossa...
Quanto à Itália, na onda da magreza esquálida e escravizante, não será tão fácil novelas com aquelas cantinas da mamma de antigamente... ah, q saudade!!! Beijo!!!

Andrea said...

POis é...só conservaram os melões das cantineiras em potencial. Os braços finíssimos dessas atrizes esquálidas me fazem ter saudades do tempo em que Cristina Mullins podia ser estrelinha mesmo ostentando aquela cara de bolacha.

Olha...e se eu pudesse entrar na sua vida... said...

eu queeeeeeero esse macarrão Lazarella! putz, coisa boa é comilança em Sampa, ô lugar danado pra restaurante bom!

queria estar na reunião, vamos ter de marcar uma em Salvador agora!!!

Andrea said...

Quando será Salvador?? Sabe que eu conheço mil pedaços da Bahia e nunca pisei lá?