Friday, October 06, 2006

Para a jaqueira. Agora!

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Ando extremamente otimista. Não sei bem a que atribuir o meu surpreendente – e espero que temporário – posicionamento poliana diante da vida , mas meu olhar sobre algumas coisas teima em não aderir a corrente de negativismo deflagrada por alguns acontecimentos recentes.
Tomemos como exemplo o resultado das eleições. Todo mundo revoltado e eu rindo à toa. Fora a alegria de ver o Chico Alencar e o Marcelo Freixo de mandato na mão, contemplo satisfeita a perspectiva do segundo turno. Político algum ao alcance dos meus olhos merecia levar a eleição de mão beijada e de forma consagradora. Torço pela virada aqui e temo pela virada lá, mas é pra torcer e temer que a gente tá na vida, não é mesmo?
Tá bom, retornam a Brasília sanguessugas e mensaleiros, mas não todos. Houve renovação em algum nível, ainda que mínimo. Me processem, mas consigo enxergar certa dignidade na eleição do Clodovil.
Mas o que me deixou feliz de verdade foi ver a decepção estampada em alguns focinhos locais. Especialmente nos das raposas PMDBistas que se criam em cima da falsa filantropia dos famigerados Centros Socias.
Não sei se essas pragas já se espalharam pelo resto do Brasil, mas um Centro Social funciona mais ou menos assim: políticos oferecem cursos e tratamento médico de baixa qualidade a pobres que não recebem nada do governo, tornando-se heróis das vidas dessas pessoas a quem o estado abandona.
Para continuar garantindo a caridade tanto a clientela quanto os funcionários precisam votar eternamente nesse mesmo político, que acaba dependendo da perpetuação da miséria para se manter no poder. Perverso, não?
O curioso é que aqui na Baixada Fluminense a maioria desses caras, que davam como certa a eleição, acabou fazendo feio mas urnas. Me delicio com o ar desapontado de cada correligionário que cruza meu caminho vestindo semblante abatido 2006: “Ele foi injustiçado...”
Morro de rir! Será que só eu vislumbro um futuro em que o povo – e em especial a população de baixa renda – vai continuar dando calote em plataformas populistas, condenando-as à merecidíssima jaqueira?
Contextualizando os forasteiros, em Duque de Caxias, diz-se do político que não se elegeu que ele jaqueirou. Reza a lenda que num ancestral pleito os candidatos esperavam tensos os resultados das urnas à sombra de uma frondoso pé de jaca. Uma vez certos da eleição iam comemorar enquanto os perdedores permaneciam embaixo da arvore, expostos ao escárnio e àhumilhação da derrota política, desde então associiada à jaqueira por todo e qualquer cidadão caxiense. Da Câmara de Vereadores à feira dos nordestinos, em véspera de eleição todo mundo especula acerca das prováveis jacas da estação.
Como se vê, o folclore local deu conta rápido de tripudiar dos maus políticos, mas os eleitores bem que dão sinais de estarem aprendendo a se vingar também. Nessa disputa em particular, com louvor, já que algumas jacas trazem em comum no outdoor um “projeto social” e um nome em diminutivo, tal qual seu diabólico mentor campista.

Tem lugar para muita gente, eu sei. A jaqueira é uma árvore de grande porte que ainda pode abrigar derrotas mais significativas para o tão sonhado processo de saneamento político no estado do Rio de Janeiro. Em 2008 espero que a eleição municipal já nos ofereça alguns gominhos em forma de aperitivo.
De olho no futuro, a gente vai comemorando as jacas presentes. Surpreendentemente, a minha preferida nem é caxiense.Para quem não sabe, o cartola-paquiderme Eu Rico Miranda não volta ao Congresso Nacional. E não só os vascaínos têm motivo pra comemorar. Juro.


Tudo sobre a JAQUEIRA e sobre a História da Baixada no caprichadíssimo blogue de Josué Cardoso: http://josuejornal.blogspot.com

15 comments:

Anonymous said...

Prezada Andrea, também estou com vergonha por não ter achado seu blogue antes. Gostei do perfil do mesmo. Parabéns e um forte abraço.

Anonymous said...

cruzes!
Battle discutindo política é tão dark!

Andrea said...

Valeu, Josué. Espero que a gente continue trocando idéias sobre a nossa região.

Velhota, eu não sou apenas um corpinho bonito...

Renato said...

Nada de Polyana, Battle, por favor ! Polyana é uó. Cai um piano na cabeça dela e ela pensa ''hehe que legal''.

Carol

Andrea said...

Minha polianice é só uma fase, Carol. Uma vez bitch, sempre bitch!

Bluerose said...

Vi a foto da jaqueira e a relacionei imediatamente ao poste em frente ao seu apê!
Alguma semelhança?
Ou eu tô vendo demais?

Andrea said...

Será que o poste vale um post?

anouska said...

huummm, adoro doce de jaca... andréa, esse seu "não sou só um corpinho bonito" foi tudo! aliás, a senhoura falando de política está impagável, dorei. bjs

Anonymous said...

Déia, salve a Bahia que quebrou uma hegemonia de mais de 50 anos de Peefeelismo.

Bjs

Ana said...

Primeiro, me prometa que esse foi o último post sobre política, ok? Ninguém merece, e quem te conhece não compra esse perfil.

Segundo, sua fase poliana coincidiu com o fato de eu ter arrumado um homem. Acho que isso trouxe uma nova luz pra vida de todos que me rodeiam: "se Ana pôde, por que não eu?"

Andrea said...

ô, garotam...que não me conhece é vc, tá?

Bluerose said...

Todos que "conheceram" o poste com certeza vão concordar que ele vale um post. rs

Anonymous said...

Post sobre o poste batalha!

Batalha, apresenta p/ gente o Josué!

Andrea said...

Ril e Carol, quando eu CASAR com o poste (por pura falta de opção) ele certamente estrelará um post...rs

Gente, essas foram as únicas palavras que eu troquei com Josué na vida. Sou apenas uma fã...rs

anouska said...

ana, deixa de ser mala. meninas que gostam de rosa também discutem política. pronto, falei!!!