Tuesday, October 10, 2006

VEM TODO MUNDO!!!!!!!!!!!!

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Acabei de pensar numa coisa. Se os 40 são os novos 20, como andam dizendo por aí, eu estou ainda no início da adolecência e tenho licença para fazer algumas coisas inconseqüentes e vergonhosas. Tipo ir ao baile funk. E dançar na grade. E fingir que eu não ouvi alguém se escandalizar: "Pro-fes-so-ra?????".

O bagulho tá sério

O show do Mr. Catra começou relembrando o início da carreira, quando o cantor se empenhava em retratar o cotidiano de violência da favela de forma extremamente crua e visceral. Delicioso ouvir clássicos como "Retorno de Jedi" e "O Simpático", mas a galera aque tava ali -nunca vi a Fundição Progresso tão cheia em toda a minha vida lapeira! - queria mesmo era reverenciar a nova fase do MC, que parou de poetizar a pracinha de comunidade e agora só fala de alcova.
Quando ele gritou: "Vai começar a putariaaaaaaaaaaaaaaaa!" eu me senti em Sodoma, Gomorra, sei lá onde... parecia que eu tinha penetrado um universo paralelo regido por Eros doidão de ecstasy e viagra.
Eu gosto do Catra engajado, mas assumo que morro de rir com as baixarias por cima de "Tédio", do Biquíni Cavadão (que virou "Adultério na 4 X4") e "Ela dança eu danço", do MC Leozinho ( que virou "Ela mama meu ganso") . Tenho até uma versão preferida. E ela remete a igualmente inconfessáveis tempos micareteiros:

"Meu boneco duro é assim
Dá uma pegada, dá um beijim
(...)
Gata, não precisa nem sentar
Da uma pegada pra tu ver
Que o meu boneco duro
vai te dar muito prazer"


Playboy Norótico

Por falar nisso, tinha homem a dar com pau por toda a Lapa. Para o fã-clube do pretinho básico, adeus às ilusões. Os poucos negros presentes à festa eram cantores, dançarinos ou staff. Era um festival de torsos branquelos-malhadíssimos rebolando empolgados que bem lembraria uma boate gay não fossem o excesso de mãos bobas e as cantadas pouco objetivas. Talvez as letras tenham potencializado a atmosfera sexual e a xepa ( que normalmente se instala às três da manhã) já andava à toda pouco depois da meia-noite. Uma guerra...


"Todas as meninas pensam em se divertir...dança-a-ar!"

O show de abertura ficou por conta da nova menina de ouro do DJ Malrboro. Para quem não sabe, a Perlla ( "Tremendo vacilão") está para essa nova fase do funk como Elvis Presley para os primórdios do rock. Colocaram um garoto branco e bonito para cantar e dançar a música dos negros na TV... não foi isso?
Bem, não se pode dizer que a figura da nossa amada Tati Quebra-Barraco esteja 100% de acordo com os atuais padrões de fotogenia estabelecidos pelo mainstream. Bom para a Perlla-gatinha.

É impressão minha ou ela já está totalmente antenada com a MPB respeitável? Vejam as fotos e leiam as letras:

"Lembra quantas vezes você já me fez chorar?
O mundo dá voltas
Sai, que a fila vai andar"

"Mas eu não caio do salto, não brigo (...)
Sai, que a fila tem que andar"

O Diabo veste Gang Rio

Aliás, o girl power é o grande tema gerador desse novo funk carioca. Quando eu olho para as dançarinas penso em como aquelas bundas enormes se mantêm de pé a despeito de todas as leis da física. Aliás, diante de alguns rebolados e agaxamentos, Einstein teria repensado algumas de suas teorias.
Mas o que faz a gente se sentir diminuída mesmo, é ouvir a Deise Tigrona cantar com a maior naturalidade:

Sou tigrona chapa quente , adoro muita pressão
Gosto de ser acorrentada e levar tapão no popozão
Pichadão vem de chicote , querendo me algemar
Me botando imposição já pronto pra martelar

Vem de chicote, algema
Corda de alpinista
Daí que eu percebi
Que o cara é sadomasoquista

E ela se declara evangélica. Não tem como pagar de mulher liberada depois dessa...

JABÁ HOUR

Mas quem quiser saber a sério sobre a evolução do funk carioca não pode perder o livro da queridíssima jornalista Janaina Medeiros (Funk carioca: crime ou cultura? Ed. Terceiro Nome), que cobre toda a história dos tempos da Banda Black Rio ao "sou-feia-mas-tô-na-moda", convidando o leitor a desnaturalizar algumas noções equivocadas sobre esta mais do que legítima forma de expressão popular.
Aos resistentes, alguns bons motivos para que não se não espere pela Ploc 00 ou tela Trash 2000 para se jogar num pancadão:
1) A gente não sabe se essa coisa dos 40 serem os novos 20 vai realmente pegar.
2) O funk pode virar o novo samba. Aí ninguém mais vai poder rir.
3) "Eu quero ver tu rebolar/ a-han/ com tudo dentro!"

14 comments:

Anonymous said...

Ai q saudade do dinho ouro preto!

Ana said...

Olha aqui, garota, vou te mandar a real, tá? Você disse que ia parar de falar comigo depois que meu negão escandinavo e eu fizéssemos nossos 4 filhos, simplesmente porque não teria mais papo com uma mulher que tem 4 filhos.

Então vou falar: eu num dô papo pra funkeira, não, certo? E isso é fato!

Ana said...

Ah, sim.

Mas adorei essa história de martelar, começar a putaria, mamar o ganso, rebolar com tudo dentro, boneco duro que dá muito prazer... Meu negão escandinavo que me aguarde.

Acho que vou freqüentar uns bailes funks. Disfarçada, é claro, que nem a Creuza de América.

Anonymous said...

Déia, eu devo realmente levar música a sério, né? Isso significa que eu sou um chato?

Andrea said...

Um bleh grandão para vocês!

anouska said...

peraê, deixa ver se eu intindi as parada: a senhoura foi a um baile FUNK!!!!!!!!!!!! o mundo está definitivamente perdido.... (p.s.: eu bem queria ir num pra ver como é...) bjs

anouska said...

ah, esqueci: sim, eu estou com 40 (+ 1) e sim, É COMO TER VINTE ANOS de novo... deus me ajude!!!!!

Andrea said...

Me processem, mas não foi a primeira vez que fui ao funk.

E, Cris, os 30 são mesmo uma nova adolescência. Ainda não compreendi certas mudanças no meu corpo...hihi

Andrea said...

WANS, alguma chance de que você seja, como essas duas, apenas um reprimido?

Anonymous said...

aaaaaaaah, eu PRECISO desse livro, déia!

Anonymous said...

Será? rs

bjs

Renato said...

''A-ha ! com tudo dentro''

o Catra é dos morros do meu bairro...

Bj, Carol
=*

Anonymous said...

Sem preconceitos, é isso aí. Eu me divirto com os funks todos pq levo na piada...mas será q entendê-lo como uma piada é uma forma de preconceito?... Hmm... Agora eu não sei, mas acho que não.
Eu me divirto com o funk como me divirto com a Britney ou com a Gimenez: a gente sabe que não vai acrescentar nada, mas é tão divertido!

Anonymous said...

Afff eu não posso deixar de vir aqui! É bom demais!! huahuahaha...
Ainda não terminei de ler este primeiro post (o mais recente), mas o jogo do eufemismo e suas associações de roupas a homens estão melhores que muitos quadros de stand-up comedy!
E tô tentando imaginar sua paz de espírito ao ouvir "professora!" enquanto se acabava nas grades do baile funk! rsrs... Ainda bem que estava só dançando.