Sunday, October 15, 2006

Ao mestre, com carinho














Young teacher, the subject of schoolgirl fantasy

“Professor, você é casado?
...
Não?
...
Professor, você tem quantos anos?
...
30?
...
Professor, você tem namorada?
...
Professor, você é viado?”


Another brick in the wall

A sala é das poucas na escola que têm janela para rua. Ouvindo gritos vindos de fora a professora se aproxima para verificar o que se passa e quase leva uma pedrada na testa. Para sua surpresa é uma aluna da mesma turma que jogava tijolos contra a parede como forma de chamar a atenção de quem estava na aula. Sem um menor pudor a menina lhe grita do outro lado da calçada:

“ Caraca, tá todo mundo surdo? Professora, pede aí pra Renata trazer minha mochila! Eu tô vazando.”


Uma professora muito maluquinha

“Professora, sai da frente. Eu quero copiar”
“Não”
“Poxa, professora, como a senhora é ignorante!”



O professor aloprado

Entre um emprego e outro ele vinha, como de costume, atrasado e não viu o guardinha escondido atrás da árvore de bloco na mão bem na hora em que ele ultrapassava o vermelho. Ao som do apito, preferiu parar.

“Tem como a gente conversar?”
“Se eu tivesse tempo pra conversar não furava o sinal”


Teache-er/ there are things/ that I don’t wanna learn...

“Por que eu tenho que aprender
Ingreis se nem brasileiro eu falo direito?”
“Por que eu tenho que aprender essas coisas que aconteceram há duzentos atrás?”
“Por que eu tenho que aprender matemática se existe calculadora?”


Embarque nesse Carrossel...

A mãozinha levantada lá no fundo da sala anunciava que uma alma caridosa prestava atenção naquela aula que quase todos os alunos ignoravam.

“Fala, Thayannnyh”
“Profi, tu estragou teu cabelo.”



High school musical

Batucada no fundo da sala: “Ela senta/ ela grita/ ela chora/ pirocada na xoxota!...”



Yo soy rebelde...

“Professor, é pra copiar?”
“Se você quiser pode levar o quadro para casa...”
(...)
“Profesor, quero beber água.”
“Acabou a água”
“Então deixa eu ir no banheiro”
(...)
“Professor, eu pago seu salário!”
“Ah, paga? Eu ganho mais ou menos 400 pra atender essa turma de 40 alunos, o que significa que você me paga 10 reais por mês. Toma 20 e some daqui!”
(...)
“Professor, vai tomar no cu!”
“Me dá que eu tomo!”


O professor refém

As situações relatadas acima não são fruto da minha fértil imaginação ou retiradas as aulas do Professor Girafales. Elas aconteceram realmente e se repetem no cotidiano das escolas públicas e particulares de todo o Brasil e são resultado da situação caótica e melindrosa em que as escolas foram postas após a má aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê aos alunos exclusivamente milhões de direitos e nenhum dever.
Deixo para vocês a recomendação do livro da Tania Zagury, que conta essas e outras agruras pelas quais temos passado.
Especialmente indicado a quem ainda pretende, mesmo nesse mundo louco, ter um filho.

16 comments:

Anonymous said...

"Ela senta/ ela grita/ ela chora/ pirocada na xoxota!...” foi a melhor.

Adorei, Déia!

Anonymous said...

Um ótimo livro por sinal.Também recomendo.

Parabéns pelo nosso dia,embora nem sei se temos muito o que comemorar.

Beijos,teacher!!!

Ana said...

Battle, deu até saudade da escola. Tinha um professor de história que minha turma maltratava (eu só ria - mas ria muito, então também era culpada por causar o inferno na vida dele). Iniciante, magricela, dentuço, usava óculos, tinha uns dois metros... e, como se não bastasse, se chamava Iran. Quando ele entrava em sala (às vezes alguém trancava a porta e ele era obrigado a entrar pela janela), a turma inteira fazia coro: "Iiiii-ran! Iiiii-rã!" e, no meio, algum engraçadinho gritava junto "piiii-ranha! piiii-ranha!". Será que ele desistiu de dar aula depois daquele ano?

Ps: sim, ainda pretendo ter 4 filhos.

Anonymous said...

Ri demaaaisss!!!
Eu preferi a da professora maluquinha. Fiquei imaginando a menina falando a última frase! rs...
Mas a do batuque tb merece um crédito porque meu sonho sempre foi viver um high-school musical.
Ou só um musical mesmo.

Andrea said...

Nem Andrew Lloyd-Weber consegueria glamourizar a atual situação dos professores.

Anonymous said...

"Por que eu tenho que aprender Ingreis se nem brasileiro eu falo direito?”

Essa pergunta é a segunda pior de todas pra mim. Só perde pra uma só, vai vendo...o professor aqui vai com a camisa do Pink Floyd. É imediato:

- Fessô, o que significa Pink Floyd?
Aí o bobão aqui explica:
- Não há uma tradução, na verdade; Trata-se da junção dos nomes de dois cantores de blues: Pink Anderson e Floyd Councill, entendeu?
Aí vem o moleque é torna a perguntar:
-Tá, mas Floyd significa o que? Pink é rosa, né?

Este professor aqui NUNCA mais vestiu a camiseta do Pink Floyd na escola. Goodbye Cruel World...

PS: O livro é bom, mesmo.
bjs

Anonymous said...

Parabéns, diva!!

Olha...e se eu pudesse entrar na sua vida... said...

menina, lembrei porque resolvi parar de dar aulas... rsrsrs

Anonymous said...

Mó dó dos professores eu fiquei agora! Lembro de uma minha de matemática no terceiro colegial chorando uma vez pq um aluno tinha ameaçado matá-la se ela o reprovasse. É quase surreal pensar q essas coisas realmente existem, mas infelizmente, they do...

anouska said...

bom, eu adoro a tania zagury e concordo muito com a tua reflexão sobre a questão do estatuto. se o meu filho tem que seguir regras e ter limites não vejo porque os outros não. porém, acho que isso deveria vir acompanhado de uma reflexão por parte dos professores da rede pública que, na maioria das vezes, se vitimizam e, como vêm da classe média, têm um desprezo enorme por aquelas crianças (e isso não é de agora, acontece desde sempre, desde quando eu entrei no estado há quase 20 anos atrás. detalhe: saí em 95). em suma: não há vítimas e tá tudo errado mesmo. e eu não vejo saída pelos moldes atuais. (desculpa o comentário metido a reflexivo, tá?). bjs

Andrea said...

ô,Cris,imagina. Foi para a gente pensar mesmo que eu escrevi.

Acho que a coisa mudou um pouco de 95 para cá. Vejo que o professor também é ferém da condição social desfavorável do seu aluno.

Dar uma bronca,falar de higiene, pedir que estudem em casa...tudo vira constrangimento. A família não faz seu papel (muitas porque não podem mesmo) e a sociedade não deixa que a escola o faça minimamente.

Talvez seja isso o que vc vê como desprezo. Deve ser cansaço de dar murro em ponta de faca.

Ah, talvez eu esteja mesmo me vitimizando, sei lá...mas é que , como vc mesmo disse, tá tudo errado

anouska said...

ai, andréa, essa é uma questão complicaaaaaada, e falando assim, rapidinho, tudo o que eu disser vai parecer leviano. eu sei de professores da rede pública que batalham muito e são altamente comprometidos com o que fazem. não gosto de generalizar nada, mas escrevendo coisas de maneira apressada a impressão que fica é que estou defendendo uns em detrimento de outros. é que no meio dessas coisas que eu escrevi, tem outras tantas que eu precisaria explicar, contextualizar e aqui não é o lugar pra isso... um beijim

Andrea said...

Ok, Cris. Com choppe as idéias fluem melhor do que por aqui mesmo...hehehe

Beijão aê

anouska said...

ok, a ana tá me devendo um encontro mesmo, vamo marcar com ela, então... bj

St. Mário said...

Acabo de receber. Obrigado, querida.
Bjs...

Anonymous said...

Quero crédito.