Tuesday, January 23, 2007

Jurei mentiras e sigo sozinha (season finale)

Com o BBB no ar, as indicações para o Oscar, os gatinhos camuflados guardando as ruas e o carnaval chegando, tem coisa mais importante acontecendo no mundo do que a egotrip umbigológica que tem se manifestado no meus recentes posts monotemáticos.

Acontece que o intuito do Pra que blog? sempre foi investir em conselhos de utilidade pública e eu não poderia me eximir da responsabilidade de contar minhas aventuras como turista ilegal pelo Mercosul.

Vem cá...eu sou a única pessoa do mundo que não usa a carteira de identidade para nada? Só eu mostro a habilitação em todas as situações? Só eu ouvi que a gente não precisa de passaporte para correr a América do Sul? Só eu fiquei presa em todas as barreiras migratórias quando tentava mudar de país?

Primeiro foi no Chuí: “ La verde! La verde! Para ella se acaba acá...” Mas o motorista impaciente topou me levar e assim eu entrei no Uruguai. Minha cara dura valeu mais do que meu sangue latino...


Depois, no buquebus, a funcionária disse que ninguém deveria ter me vendido passagem e muito menos despachado minha bagagem. Muito educada eu acho que ela gritou: “Se entrar na Argentina vai ser presa. Volta pro Chuí e resolve lá!”

A caminho dos bagageiros reparei que as pessoas estavam mostranto apenas o boarding pass para embarcar. Eu não desistiria assim tão facilmente. Eles que me prendessem!

Não pestanejei. Destaquei tranquilamente o papel não carimbado pela imigração, guardei e mostrei a passagem: “Donde estan los baños?”Do banheiro para um assento panorâmico não custou.
Pela manhã eu já via Buenos Aires e maquinava a desculpa para o desembarque : “fui roubada e quero indenização!”. Nada disso foi necessário diante do caos que se instala numa esteira que devolve a bagagem de mais de 1.500 pessoas!

Parti direto para o consulado brasileiro vestida de ar cansado e olhar suplicante: “ Meu namorado acabou de tomar um avião para o Rio levando a minha carteira...”

Um plus poder repetir “meu namorado” milhões de vezes.

Mesmo que a desculpa não tenha valido dias mais tarde no aeroporto, quando me fizeram pagar uma multa por circular pelo país sem autorização eu ganhei passaporte provisório que vencia com o bilhete de volta. E tive namorado por alguns minutos...

Pena, né? Tava amando a cidade e já tinha feito altos amigos entre os locais. Perguntei aos belíssimos recepcionistas ( bem target...) onde eles iriam se estivessem de visita. Fui parar num museu de futebol e descolei de cara vale-beijo e companhia para o bar.

Os argentinos dão medo, sabe? Diante de uma inocente parada em frente a uma vitrine qualquer maluco te olha e manda : “Vamos tomar um café?”. Como eu não sei o que esse café significa de verdade preferi continuar nadando em águas brasileiras. Mas especificamente, manauaras e pelotenses.

Contrastes? Nem tanto...Em comum, as despedidas sentimentais embaladas por promessas de reencontro assim que der, aqui, ali, ou acolá. Eu vou, você vem. Essas coisas que nunca acontecem mesmo. Mas na hora era verdade.


Apidêite: Depois do gaúcho e do amazonense eu conheci um sul-africano. De onde virá o próximo? De Marte? Será que preciso de visto de entrada pra lá ?

Aguardem a próxima temporada...

17 comments:

trela said...

esse negocio de visto eh uma bosta.
nego gosta de dificultar.

me pararam na imigracao pra fazer um raio X. acho que me acharam com cara de mula. ja tenho cara de indiana...

trela said...

esse negocio de visto eh uma bosta.
nego gosta de dificultar.

me pararam na imigracao pra fazer um raio X. acho que me acharam com cara de mula. ja tenho cara de indiana...

Andrea said...

Abelhuda, eu bem topava ser ilegal em Londres, um lugar maravilhoso onde nunca me importunaram apesar da minha pinta de puta brasileira.

anouska said...

ahuahauhuahuaha, muito bom... andréa, eu também ouvi que não se precisa de passaporte pra viajar pelo mercosul. o paulo até levou o dele, mas só mostrou a carteira e ninguém disse nada. bjs!

Anonymous said...

Eu tb não sabia que era necessário passaporte. Que coisa, e que aventura!
Agora me conte, quando vai rolar uns posts sobre os ficantes?

bjs

Andrea said...

Wans, não serei mais indiscreta do que nesse post. Amizades nasceram e identidades de homens comprometidos devem ser preservadas.

Em suma: Gaúcho 9,5 ; Amazonense 7,0; gringo 3,5.

A curva, além de tender à distância, é nitidamente decadente. O próximo vai ser marciano...e BROXA!

anouska said...

que isso, amiga? muita fé nesse coraçãozinho, anda!!!

Ana said...

Precisa de passaporte OU identidade. A cabeça de vento não tinha nenhum dos dois. Eu mandava preder. Cara de pau.

Andrea said...

Ué? Habilitação num é identidade? Vai dar meia hora de bunda que tu não é "otoridade" tá, peidona!

Andrea said...

Brigada, Cris!

Perder la ternura jamas!

Anonymous said...

sempre ouvi que o mercosul na prática nunca funcionou e vc acaba de provar que é isso mesmo. que coisa. beijos, pedrita

Anonymous said...

Genial a maneira como você narrou as suas desventuras, Andrea. Dei uma boas risadas. Quanto à exportação de lixo do Brasil, os argentinos tentaram equiparar as coisas mandando para cá o Tevez. Abraços.

Anonymous said...

Andrea, ainda toparei sair de minha tapera em busca do mundo, como tu fez. Se a D. MuléFême não me amaldiçoar antes por causa disso.

Anonymous said...

OI! Que coisa sua aventura como turista ilegal!!! Eu SEMPRE viajei para o Paraguay e argentina somente com a identidade! E viajando de avião!!!è Mercosul! Que passou com você foi estranho demais!
Mas que bom que não foi deportada! :O)
Ah, te digo, homem estrangiero é tudo de bom!!! Beijos

mi said...

Vc é louca!!! Eu jamais teria essa coragem. Na primeira barreira, eu voltaria...

Andrea said...

Sei lá, Mi...eu sempre digo que em época de férias eu viro "Andrea Bizarro" e faço uma porção de coisas que normalmente eu não faria.

E no fim das contas eu tinha um bilhete Buenos Aires-Rio...se me prendessem acho que eu seria deportada e era e casa mesmo que eu tava tentando chegar, né? Bjs

Denise S. said...

Namoros internacionais sempre são interessantes. Custosos, mas interessantes, uma forma eficiente de se sentir poliglota e polivalente. Namorei alguns estrangeiros e me casei com um, embora esta última parte não estivesse no script. E, talvez por isso mesmo, esteja durando tanto.