Wednesday, December 27, 2006

Gaúchos que eu adoro

Para fechar o ano, um último top5, dessa vez em ordem decrescente:

5. Elis Regina
4. Luís Fernando Veríssimo
3. Adriana Calcanhoto
2. Caio Fernando Abreu
1. Disputa a ser decidida entre o Cródio e o Rafa, gaúchos que me guiarão em expedição caça-marido pelos Pampas a partir de hoje.

Eu quero um homem de bombachas e tô ligando pouco se ele leu Quintana e Borges , ouviu Dexler e Lupicínio, se é colorado, gremista, Kleiton, Kledir... eu quero é dançar tango!

Pode ser que eu dê as caras por aqui. Caso não...aproveitem as férias de mim.

Beijos!

À palo seco: retrospectiva 2006

Se você vier me perguntar por onde andei/ no tempo em que você sonhava/ de olhos abertos lhe direi/ amigo, eu me desesperava//Sei que assim falando pensas/ que esse desespero é moda em 76...

Troquem 76 por 2006 e percebam que nem mesmo a métrica se perde. O ano que termina foi louco e frenético para a maioria das pessoas que eu conheço. Não particularmente duro ou feliz, mas extremamente acelerado, desesperado, como diz a canção do Belchior. Perfeita para sintetizar o ano do "Beijosmeliga".

Pessoalmente foi meu ano, digamos, cabacildo. Adotei a filosofia do SIM de Old Christine e meti em "projetos" que me fizeram muito bem, situações que me quebraram a cara e circunstâncias de vida para as quais eu não estava mesmo preparada.


Pela primeira vez eu:

1. morei absolutamente sozinha, sem dividir nada com família, amigos ou namorado. Adorei a liberdade de enfiar quem eu quiser dentro da minha casa. Bola dentro.

2. conheci os efeitos da morte de uma pessoa querida. Me arrependi por todas as lágrimas que eu chorei assistindo filmes, lendo livros e ouvindo músicas. A própósito, como diz o próprio Belchior, ao vivo é muito pior. Mas a vida continua e as lembranças ficam.

3.corri atrás de um homem. Odiei. Assumo mas não quero comentar. Bola fora.

4. utilizei os fabulosos serviços de um pau amigo. O upgrade que me elevou de mera entregadora a consumidora de quentinhas fez minha vida sexual melhorar muito em quantidade e qualidade. Beijos, gato guerreiro!

5. escrevi um blog. Mas isso foi só uma das...

Modinhas às quais aderi:

1. boleros
2. argolas
3. salto cortiça
4. luzes no cabelo
5. shorts

A última, aliás, me fez ouvir algumas merdas impublicáveis. Protejerei as ostrinhas em nome da amizade mas revelarei as pérolas.

Opiniões extremamente discutíveis:

1. "Pára de emagrecer!"
2. " É que ela é de família..."
3. " Se você tá a fim tem mais é que ligar mesmo!"
4. " Não dá para usar camisinha, ele é muito bem dotado."
5. " Usa sardinha no lugar do atum. Não faz a menor diferença."


E finalmente a galeria (ilustrada) dos ilustres...

Personagens do ano:












Obina, Dumbo, Queixada e Cocão...que não conseguem ficar parados nem para a foto.











O sol nascendo na Linha vermelha fez dupla com...











meu pé moído.









O poste fálico, o preferido dos melroses.









Naomi no corredor da morte, cantando de galo pela última vez.

E pra continuar no clima, deixo com vocês os versos mais famosos do Rei em particular momento de inspiração sabedoria-de-rodoviária:

Se chorei ou se sorri/ o importante é que emoções eu vivi...

FELIZ ANO NOVO, QUERIDOS!

Tuesday, December 26, 2006

Caso chova na praia...

nada melhor do que um livrinho entre um pileque e outro. De mais a mais, viagem de reveillon às vezes nada mais é do que uma furada em que a gente se mete para não passar a virada sozinho.

É sempre bom ter um plano B.

Paulo Cesar de Araújo já havia nos brindado, em 2002, com o excelente Eu não sou cachorro não em que , entre outras proezas, reconstrói o papel político desempenhado pela chamada música brega (Odair José, Agnaldo Timóteo, Dom & Ravel, etc.) que dominou as rádios durante os anos mais sombrios da ditadura militar.

Um livro dele sobre o cantor mais popular dessa e de todas as épocas não podia ser um trabalho menos apaixonado e minucioso ( tudo em detalhes mesmo!) que o anterior. Há até umas digressões que eu, como editora, cortaria, mas nada que diminua o barato de conhecer os bastidores e , principalmente, o complicadíssimo processo de criação do Rei, também aqui, historicamente reconhecido como primeiro fenômeno pop e definitiva referência cultural brasileiros.

Paulo se assume como fã desde o primeiro parágrafo e , em seu esforço revisionista, apela um pouco para a vilanização da turma da bossa-nova ou de quem quer que tenha questionado a obra ou o ideário de Roberto Carlos. Mas o livro é tão bom mesmo por causa um pouco desse tom confessional e elegíaco que seu autor assume descaradamente.

Se fizer sol, leva pra ler na praia , mas usa FPS 50 porque a gente se agarra na narrativa de um jeito que fica fácil perder a noção do tempo.

Se a sua furada-de-virada for na casa daquele casal em crise que resolveu, de última hora, chamar os amigos para não ficarem um em companhia apenas um do outro, assuma você mesmo a mesa de som e ofereça à "festa no apê" o set-list que o DJ Janot costumava levar às primeiras Brazookas , quando ninguém acreditava que ele pudesse tocar uma hora inteira de Roberto Carlos pra dançar:

1.O calhambeque
2. Quando
3. Que tudo mais vá pro inferno
4. É proibido fumar
5. Pode vir quente que eu estou fervendo
6. Namoradinha de um amigo meu
7. Jesus Cristo
8. Ilegal, imoral ou engorda
9. Se você pensa
10. Eu te amo, eu te amo, eu te amo...

Quem sabe o casal-anfitrião não se embala e até volta às boas?

Friday, December 22, 2006

SEM COMENTÁRIOS

*












Alguém vai de sex on the beach?

Thursday, December 21, 2006

Triste fim da saga de Naomi Cock

Bom, gente, não sei se foi a convivência com o excesso de testosterona que meu irmão super-macho exala por todos os poros, mas o fato é que o franguinho mais querido por esse blog andou cobrindo umas fêmeas e parece até que ele já deixou descendência pelo quintal.

Meu pai já determinou que apenas um espécime masculino pode cantar de galo ou a gente corre o risco de perder os dois reprodutores numa rinha involuntária e inevitável.

Como na canção, tantas fez o moço que vai para a panela.

Para as moças que ainda sonham em resgatar alguma biba do lado colorido da força fica ai a esperança. Não é só no programa do R.R. Soares que existe ex-viado.

Sunday, December 17, 2006

AdoREI



Post especialmente dedicado a certa amiga ( e shidoshi nas horas vagas) que detesta ler textos com mais de três linhas.

Wednesday, December 13, 2006

Procrastinators United

Dezembro é igual a último capítulo de novela.
Depois de meses de enrolação a gente se vê subitamente diante da urgente necessidade de resolver milhões de coisas poderiam ter sido tranqüilamente decididas sem a afobação e o stress tão característicos daquela hora fatal em que percebemos que o ano passou e que nada de realmente útil ou transformador foi feito.

Olhar para trás é lembrar que uma boa parte do tempo foi passada em engarrafamentos, embaixo do chuveiro, escolhendo roupa pra sair, ou – horror dos horrores! – a mercê do SAC da sua operadora de celular. E é justamente nessas pequenas tarefas que a gente começa a se perder.
Se há provas a corrigir, a faxina se torna inadiável. Se a pia está cheia de louça é imperativo que se adquira o detergente certo no mercado. E quando no caminho de volta pinta aquela idéia genial para a aula de segunda-feira , diante do computador, só dá vontade mesmo é de editar fotos ou responder e-mails recebidos há mais de um mês. Mesmo este post aqui, confesso, eu já vinha pensando há alguns dias, mas...bom, vocês sabem.

Das pequenas para as grandes coisas a gente se flagra, numa tarde de outono, pensando no que foi feito dos nossos sonhos de adolescência e daquele futuro brilhante que todo mundo um dia já possuiu. Eu tive meu futuro promissor ali pelos três minutos finais da graduação. Acreditaram que eu fosse uma promessa acadêmica e isso foi uma verdadeira maldição na minha vida. Passei uns bons anos pensando em tudo o que me faltava para concretizar as expectativas alheias. Geralmente os dias se sucediam entre a tortura pelo que não foi feito ontem e tudo o que faltava fazer amanhã.

Até que um belo dia você se dá conta de que todos os artistas e pensadores que você admira produziram o melhor da sua obra quando eram muito mais jovens que você e então a ficha finalmente cai: não dá mais tempo! Daí para descobrir que o seu ex-futuro promissor provavelmente não faria a menor diferença para a humanidade é um pulo.

Não, não precisa ser uma tragédia. Pode ser até libertador. Só na mediocridade de um cotidiano sem grandes planos a gente pode apreciar sem correria algumas coisas muito gostosas da vida como um dia de sol ou o telefonema de um amigo distante.

A máxima horaciana Carpe Diem – erroneamente invocada pelos diligentes para apressar toda espécie de atividade chata e perfeitamente adiável – tem a ver justamente com isso: abocanhar cada minuto como uma fruta madura que pode estar podre daqui a pouco.

Menos Benjamin Franklin e mais Ferris Bueller. Sei lá, "lixe o assoalho" por mais um tempo. Os orientais não sabem de tudo?

So...join the club!


Sunday, December 03, 2006

Confissões mirabolantes de uma adolescente desmiolada

*



Quando pensamos na importância do ofício do médico vem sempre à nossa mente a figura de um neurocirurgião ou de um oncologista. Dermatologistas estão mais próximos, na escala da humanidade, das manicures e das depiladoras. Quem vai levar a sério um pirralho de jaleco dizendo " esse remédio sobrecarrega o fígado. Se pretender beber, suspenda o uso"? E ainda que se queira obedecer, quem vai lembrar disso quando a cerveja tá rolando farta numa tremenda boca-livre? E quem não vai se empolgar com bebida de graça numa rara noite em que não está dirigindo?

A festa estava ótima, mas o prédio exigia silêncio. Dispensei a carona e me enfiei num táxi rumo a uma esticada sem me importar com o caminho de vota à Baixada. Cheguei já colocadíssima para o segundo round. Não muito tempo depois jatos de bile voavam incontinentes até pelo meu nariz. Na volta do banheiro alguém me tira para dançar. Acho que ele era interessante. Lembro bem que ele era super cheiroso e que sussurrava no meu ouvido a letra de uma daquelas músicas fofas que só quem vive no samba conhece e que por isso mesmo -por que ninguém conhece - as pessoas cantam com um ar genuinamente orgulhoso.

Ah, na hora eu achei legal.

Mas daí ele começou a me rodar, e me rodar, e me rodar...e para escapar do abraço eu confessei: "Não posso te beijar. Acabei de vomitar". Fui largada na pista sem rumo e perdida dos amigos. Mesmo sem dança, o mundo continuava a rodar. Uma coisa assim, bem Carrie, a estranha.

Na saída para escapar do foco da câmera giratória, trombei com meu cunhado e foi me batendo uma uma repentina e irresistível saudade da minha irmã. No final do porre sempre dá vontade de ligar para as pessoas, né? Não interessa que sejam três da manhã. Tentei umas 28 vezes e acabei finalmente convencida a desistir e pousar no Bairro de Fátima, onde já mais lúcida, ouvi as mensagens preocupadas da mana antes de encontrar o namorado e ser assegurada do meu aparente bem-estar.

De manhã, fora a culpa e a ressaca moral, precisei tomar um ônibus na Central do Brasil. Mas aí o teen-movie fica mais para Christiane F. Prefiro poupar meus leitores de narrativas realmente deprimentes.

Corta para o meu olho grudado no chão enquanto a minha mãe me ensaboa pelo avesso: " Você não acha que já está na hora de começar a se comportar como uma adulta?"

Friday, December 01, 2006

Freaky Friday : O El Niño, a menarca e os adoráveis homens de bata

*


Hoje levei três horas da minha casa até o trabalho. Isso depois de ter levado, ontem, duas horas do trabalho até a minha casa. Por conta dos atrasos perdi uma consulta médica que eu esperava há mais de um mês.
O bom é que eu tenho um emprego pelo qual muitos professores matariam. Não é o caos que essas chuvas doidas instauram na Avenida Brasil que vão me fazer desistir dele.

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Mal humor algum resiste à cara de ressaca que o meu colega orgulhosamente ostenta ao correr para a cafeteira:


- Tomou todas ontem?
- Ontem e hoje. Ainda tô tomando.
- Já começou a comemorar o aniversário?
- Não. Foi pela minha filha. Ela menstruou, finalmente. Treze anos...já tava ficando bolado.
- Legal...
- Comprei o primeiro modess dela e depois caí no samba.
- ???
- Não sem antes ter uma conversa séria com ela...
...

- Já que não dá pra evitar o inevitável... é que a minha garota é uma princesa, professora. E eu sei que vão querer comer e nem olhar para a cara dela depois. Sei que algum maluco vai querer barbarizar meu anjinho.

Agora eu tava ouvindo MESMO:

- Você disse isso para a menina?
- E disse mais! Disse que ela tem que aprender cedo a se defender. Tem que saber logo dar canseira e sacudir esses camaradas na cama. Se alguém vai esculachar, que seja ela. Filha minha não vai correr atrás de vagabundo nenhum...

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Meio oversharing para antes das dez da manhã? Mas agora é assim. Cabe a nós aceitarmos que a vida está mudando, e rápido. Talvez esses temporais fora de época sejam apenas a maneira que a natureza encontrou para nos alertar sobre o fim do mundo tal como conhecíamos.

No Bravo Mundo Novo, Ben Affleck fatura prêmios de interpretação em festivais de cinema europeus. Um sinal de que o grande realinhamento do universo exige também que alguns preconceitos sejam superados.

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Eu, por exemplo, quando esbarrava com Nip/ Tuck me sentia irresistivelmente compelida a interromper a minha atividade preferida diante da TV: o zapping.

Sempre apreciei a atmosfera ao mesmo tempo grotesca e glamourosa que permeava as narrativas, mas não passava disso. Tenho um fraco por seriados médicos mas esse era um que eu achava meio metido à besta. É que eu implico mesmo com tudo o que tentam me empurrar como "inovador".

A badalada participação do brasileiro Bruno Campos reacendeu meu interesse pelo programa e acabei reunindo ânimo para assistir a tudo desde o início. Resultado: virei uma chata! Mergulhei tão fundo nos contrastes da lógica binária McNamara/ Troy que só consigo estabelecer uma conversa decente com alguém que também compreenda todos os ganchos e que saiba reconhecer nos procedimenos cirúrgicos mais banais as alegorias que representam a evolução de cada personagem.

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E o Bruno, hein? Gente, o Bruno é simplesmente um co-los-so de ator! Uma delícia de ver e ouvir. Não lembra em nada a criaturinha anódina que participou daquele equívoco chamado O Quatrilho. Estou tão viciada nas tiradas ambíguas do dr. Quentin Costa que a única coisa que eu penso em fazer na minha primeira noite sexta-feira livre em meses é ir correndo para casa para assisitr mais episódios e descobrir de vez quem é o "Açougueiro"!

Se der para cair uma chuvinha fina para compor o clima, eu agradeço...

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Ué, gente... se o mundo passa por uma extreme make over radical, meus hábitos também podem mudar.

Nada de saidinha hoje.

Não se assustem. É só medo de mais engarrafamento.

Mentira.

Mais ou menos.

É medo, sim. Mas é de eventualmente precisar disputar atenção masculina com adolescentes sexualmente orientadas pelo papai-galinha. É muita covardia.