nada melhor do que um livrinho entre um pileque e outro. De mais a mais, viagem de
reveillon às vezes nada mais é do que uma furada em que a gente se mete para não passar a virada sozinho.
É sempre bom ter um plano B.
Paulo Cesar de Araújo já havia nos brindado, em 2002, com o excelente
Eu não sou cachorro não em que , entre outras proezas, reconstrói o papel político desempenhado pela chamada música brega (Odair José, Agnaldo Timóteo, Dom & Ravel, etc.) que dominou as rádios durante os anos mais sombrios da ditadura militar.
Um livro dele sobre o cantor mais popular dessa e de todas as épocas não podia ser um trabalho menos apaixonado e minucioso ( tudo
em detalhes mesmo!) que o anterior. Há até umas digressões que eu, como editora, cortaria, mas nada que diminua o barato de conhecer os bastidores e , principalmente, o complicadíssimo processo de criação do Rei, também aqui, historicamente reconhecido como primeiro fenômeno pop e definitiva referência cultural brasileiros.
Paulo se assume como fã desde o primeiro parágrafo e , em seu esforço revisionista, apela um pouco para a vilanização da turma da bossa-nova ou de quem quer que tenha questionado a obra ou o ideário de Roberto Carlos. Mas o livro é tão bom mesmo por causa um pouco desse tom confessional e elegíaco que seu autor assume descaradamente.
Se fizer sol, leva pra ler na praia , mas usa FPS 50 porque a gente se agarra na narrativa de um jeito que fica fácil perder a noção do tempo.
Se a sua
furada-de-virada for na casa daquele casal em crise que resolveu, de última hora, chamar os amigos para não ficarem um em companhia apenas um do outro, assuma você mesmo a mesa de som e ofereça à "festa no apê" o
set-list que o DJ Janot costumava levar às primeiras
Brazookas , quando ninguém acreditava que ele pudesse tocar uma hora inteira de
Roberto Carlos pra dançar:
1.O calhambeque2. Quando3. Que tudo mais vá pro inferno4. É proibido fumar5. Pode vir quente que eu estou fervendo6. Namoradinha de um amigo meu7. Jesus Cristo8. Ilegal, imoral ou engorda9. Se você pensa10. Eu te amo, eu te amo, eu te amo...Quem sabe o casal-anfitrião não se embala e até volta às boas?