Tuesday, October 31, 2006
Superfreak: bruxinha em conflito
Eu disse a várias pessoas, por exemplo, que estava morrendo de medo de assistir Pequena Miss Sunshine. Um argumento perfeito aliado ao elenco dos sonhos só poderia, a meu ver, resultar em decepção. Nada poderia superar a minha expectativa.
Venci a negatividade e ganhei um novo filme preferido.
Vou tentar mais vezes. Mas não vou deixar de ser chata.
Bruxa pode chorar com dó de criança fofa?
Monday, October 30, 2006
O Vira da Mangueira
A gente começa maquiada e comportada fazendo linha séria no aniversário de queridíssima amiga intelectual. Centro cultural, piano-bar, cheiradores de vinho e intermináveis divagações sobre queijo podre.
Corta para o dia nascendo e filma nóis comendo churrasquinho de gato ao som do Proibidão da comunidade embaixo do viaduto da Mangueira. E loving every minute!!!!!
Ah, o samba tá aqui. Poderia ser mais a minha cara?
Quem sou eu
Tenho a mais bela maneira de expressar
Sou Mangueira...uma poesia singular
Fui ao Lácio e nos meus versos canto a última flor
Que espalhou por vários continentes
Um manancial de amor
Caravelas ao mar partiram
Por destino encontraram Brasil...
Nos trazendo a maior riqueza
A nossa língua portuguesa
Se misturou com o tupi, tupinambrasileirou
Mais tarde o canto do negro ecoou
E assim a língua se modificou
Eu vou dos versos de Camões
Às folhas secas caídas de Mangueira
É chama eterna, dom da criação
Que fala ao pulsar do coração
Cantando eu vou
Do Oiapoque ao Chuí ouvir
A minha pátria é minha língua
Idolatrada obra-prima te faço imortal
Salve... Poetas e compositores
Salve também os escritores
Que enriqueceram a tua história
Ó meu Brasil
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Hoje a herança portuguesa nos conduz
À Estação da Luz
Vem no vira da Mangueira vem sambar
Meu idioma tem o dom de transformar
Faz do Palácio do Samba uma casa portuguesa
É uma casa portuguesa com certeza!
LINDO!!!
Friday, October 27, 2006
A little bit of Sampa in my life
São três os livros.
Primeiro, lógico, Éramos seis. Sem nenhuma vergonha. Se alguém tivesse trocado o exemplar da coleção vagalume por alguma coisa supostamente mais substancial eu talvez não fosse hoje uma leitora.
Depois vem Anarquistas, graças a Deus e o percurso que eu adoro fazer ali na região da Paulista. A Alameda Santos pode até ter virado um reduto de yuppies e de publicitários modernexes, mas sempre que eu passeio por ali não resisto a procurar discretamente a oficina do Sr. Ernesto Gattai.
E tem também Brás, Bexiga e Barra Funda. Ufa! Enfim uma obra digna. Daquelas que fizeram a graduação valer a pena de verdade. O título remete a um circuito obrigatório pra quem quiser entrar em contato com um interessantíssimo (apesar de manjadérrimo) aspecto da vida paulistana: a Itália, ué.
A coisa toda não se resume ao Palmeiras e ao falar cantado avesso ao plural (influência clara da língua de Dante!). A manifestação mais comovente da cultura italiana no ruge-ruge da capital paulista se vê mesmo é dentro de um bom prato fundo. De preferência em cima de uma toalha quadriculada.
A cultura oriundi anda sumida da teledramaturgia brasileira mas já nos presenteou com pérolas do quilate de Pão Pão Beijo Beijo e Vereda Tropical. Novelas com núcleos italianos que abusavam das cenas de mesas fartas de encher os olhos e aguçar as fantasias até das criancinhas menos gulosas.
A segunda, inclusive, trazia como pano de fundo uma cantina e apresentava como tema gerador a conturbada relação entre a matriarca vivida por Georgia Gomide e seus trezentos filhos, todos apaixonados por ela.
Não, não se trata de mera caricatura. Na Itália eu olhava embasbacada aqueles homenzarrões transadérrimos, vestidos de Armani dos pés à cabeça, atravessando a rua de mãozinhas dadas com a mamma.
Mas dá pra entender.
Basta que você percorra quilômetros de São Paulo a pé num dia que começou escaldante e que resolveu virar frio de uma hora para a outra. Mais precisamente assim que você empacotou o casaco.
Diante de um contratempo desse porte , tudo o que a gente precisa para se renovar é de um pouquinho de massa quente no estômago e de uma meia-luz relaxante. Não importa o repertório Gigliola Cinquenti ao teclado se a fumaça que se desenha sobre o macarrão lembra a gente um pouquinho do calor de colo de mãe. E de que já é hora de voltar para casa.
Caso em São Paulo o rumo certo é o da Cantina Lazarella: http://www.lazzarella.com.br/index.htm
Tuesday, October 24, 2006
O avesso do avesso do avesso do avesso...
Certa vez ouvi de um amigo que Deus encontra, aqui e ali, suas maneiras de nos mostrar que se lembra de nós e que somos dignos de receber um naco de felicidade de vez em quando. Como no último sábado. Como é que um cara lindo como aqueles foi me dar trela justo numa casa repleta de mulheres perfeitas? Só podia ser Deus falando comigo.
Esse mesmo amigo disse que Deus, apesar de misericordioso, é também um grande piadista. Isso explica a insistência com que o gostosão introduzia a língua no meu ouvido, como se quisesse promover uma faxina nos meus tímpanos.
Alguém por aí sabe quem foi que determinou que língua no ouvido é um carinho tesudo?
Ou será que a motivação é mesmo sádica? O estupro de orelha é coisa de quem curte dominação?
Mas voltando ao rapaz. Ele era gato de verdade. A cara do Desmond de Lost e igualmente misterioso. Tá, confesso. Misterioso é eufemismo para bêbado-que-não-consegue-mais-falar-coisa-com-coisa.
Até talvez tenha sido por falta de capacidade de julgamento que ele tenha me escolhido em meio a tantas opções, mas não são umas rodadas de vodca pura que vão abalar minha crença nos desígnios de Deus.
E muito menos a minha crença na infinita inteligência desse meu amigo, que era quem realmente estava falando comigo aquela noite. Parece que tô ouvindo bem agora: "Honey...don't!"
Wednesday, October 18, 2006
AMOR DE IRMÃO
Está chegando
Um novo tempo de paz
Junto com a chuva
Indo embora pro mar
E num improviso da jazz
Nossas manias se encontram
Está chegando
Um novo tempo de paz
Tanto faz
Com quem esteja a razão
Vamos ser amigos
Enfrentar os perigos
Não amargar nenhuma tensão
Sem paixão, tanto faz
Amor de irmão ta valendo mais
Tá valendo mais
Que qualquer coisa na vida
Mais do que qualquer grilo
O tanto que a gente amou
E ficou
O que antigamente era vida ou morte
Foi ficando real mais forte
E nossos corações já não sofrem
Do mal da última palavra
E nossas conversas serão
Doces sobremesas calmas
ECLÉTICA, EU?
Antes eu não conseguia precisar seu sentido. Confundi durante muito tempo eclético com etílico.
Assim que me apropriei de seu significado me tomei de antipatia por ele, já que eclético às vezes é sinônimo de confuso, escorregadio ou simplesmente chapa branca.
Ser eclético nem é bem coisa de gente que tem medo de se decidir. Afinal de contas, devemos reconhecer que mesmo declarar-se eclético já constitui uma tomada de posição.
No entanto, quem vai negar que o ser eclético não tem lá seu medinho de compromisso ou de, no mínimo, abrir mão de algumas opções?
Mas bem quando a gente acha que pode sair por aí julgando todo mundo e criticando os ecléticos assumidos.... a vida nos dá uma porrada de leve e a gente se dá conta de que a pedra bateu no há muito esquecido telhado de vidro .
Mas é essa própria recordação da ancestral fragilidade que nos faz, de quando em vez, exercitar a tolerância e a humildade perdidas no mar de cinismo que a gente precisa navegar para viver de forma minimamente digna.
Assumo meu momento ao mesmo tempo eclético ( no sentido mais repulsivo e em cima do muro da palavra) e etílico. Daqueles em que a gente soa melhor quando fala pela boca dos outros. E em que a gente se distrai confeccionando uma lista para lá de eclética com as músicas da semana:
1. Bizarre Love Triangle (New Order)
2. Quase nada (Zeca Baleiro)
5. Amor de irmão (Barão Vermelho)
Juro que não é campanha para desvincularem minha imagem do funk...
Sunday, October 15, 2006
Ao mestre, com carinho
Young teacher, the subject of schoolgirl fantasy
“Professor, você é casado?
...
Não?
...
Professor, você tem quantos anos?
...
30?
...
Professor, você tem namorada?
...
Professor, você é viado?”
Another brick in the wall
A sala é das poucas na escola que têm janela para rua. Ouvindo gritos vindos de fora a professora se aproxima para verificar o que se passa e quase leva uma pedrada na testa. Para sua surpresa é uma aluna da mesma turma que jogava tijolos contra a parede como forma de chamar a atenção de quem estava na aula. Sem um menor pudor a menina lhe grita do outro lado da calçada:
“ Caraca, tá todo mundo surdo? Professora, pede aí pra Renata trazer minha mochila! Eu tô vazando.”
Uma professora muito maluquinha
“Professora, sai da frente. Eu quero copiar”
“Não”
“Poxa, professora, como a senhora é ignorante!”
O professor aloprado
Entre um emprego e outro ele vinha, como de costume, atrasado e não viu o guardinha escondido atrás da árvore de bloco na mão bem na hora em que ele ultrapassava o vermelho. Ao som do apito, preferiu parar.
“Tem como a gente conversar?”
“Se eu tivesse tempo pra conversar não furava o sinal”
Teache-er/ there are things/ that I don’t wanna learn...
“Por que eu tenho que aprender Ingreis se nem brasileiro eu falo direito?”
“Por que eu tenho que aprender essas coisas que aconteceram há duzentos atrás?”
“Por que eu tenho que aprender matemática se existe calculadora?”
Embarque nesse Carrossel...
A mãozinha levantada lá no fundo da sala anunciava que uma alma caridosa prestava atenção naquela aula que quase todos os alunos ignoravam.
“Fala, Thayannnyh”
“Profi, tu estragou teu cabelo.”
High school musical
Batucada no fundo da sala: “Ela senta/ ela grita/ ela chora/ pirocada na xoxota!...”
Yo soy rebelde...
“Professor, é pra copiar?”
“Se você quiser pode levar o quadro para casa...”
(...)
“Profesor, quero beber água.”
“Acabou a água”
“Então deixa eu ir no banheiro”
(...)
“Professor, eu pago seu salário!”
“Ah, paga? Eu ganho mais ou menos 400 pra atender essa turma de 40 alunos, o que significa que você me paga 10 reais por mês. Toma 20 e some daqui!”
(...)
“Professor, vai tomar no cu!”
“Me dá que eu tomo!”
O professor refém
As situações relatadas acima não são fruto da minha fértil imaginação ou retiradas as aulas do Professor Girafales. Elas aconteceram realmente e se repetem no cotidiano das escolas públicas e particulares de todo o Brasil e são resultado da situação caótica e melindrosa em que as escolas foram postas após a má aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê aos alunos exclusivamente milhões de direitos e nenhum dever.
Deixo para vocês a recomendação do livro da Tania Zagury, que conta essas e outras agruras pelas quais temos passado.
Especialmente indicado a quem ainda pretende, mesmo nesse mundo louco, ter um filho.
Saturday, October 14, 2006
Tuesday, October 10, 2006
VEM TODO MUNDO!!!!!!!!!!!!
Acabei de pensar numa coisa. Se os 40 são os novos 20, como andam dizendo por aí, eu estou ainda no início da adolecência e tenho licença para fazer algumas coisas inconseqüentes e vergonhosas. Tipo ir ao baile funk. E dançar na grade. E fingir que eu não ouvi alguém se escandalizar: "Pro-fes-so-ra?????".
O bagulho tá sério
O show do Mr. Catra começou relembrando o início da carreira, quando o cantor se empenhava em retratar o cotidiano de violência da favela de forma extremamente crua e visceral. Delicioso ouvir clássicos como "Retorno de Jedi" e "O Simpático", mas a galera aque tava ali -nunca vi a Fundição Progresso tão cheia em toda a minha vida lapeira! - queria mesmo era reverenciar a nova fase do MC, que parou de poetizar a pracinha de comunidade e agora só fala de alcova.
Quando ele gritou: "Vai começar a putariaaaaaaaaaaaaaaaa!" eu me senti em Sodoma, Gomorra, sei lá onde... parecia que eu tinha penetrado um universo paralelo regido por Eros doidão de ecstasy e viagra.
Eu gosto do Catra engajado, mas assumo que morro de rir com as baixarias por cima de "Tédio", do Biquíni Cavadão (que virou "Adultério na 4 X4") e "Ela dança eu danço", do MC Leozinho ( que virou "Ela mama meu ganso") . Tenho até uma versão preferida. E ela remete a igualmente inconfessáveis tempos micareteiros:
"Meu boneco duro é assim
Dá uma pegada, dá um beijim
(...)
Gata, não precisa nem sentar
Da uma pegada pra tu ver
Que o meu boneco duro
vai te dar muito prazer"
Playboy Norótico
Por falar nisso, tinha homem a dar com pau por toda a Lapa. Para o fã-clube do pretinho básico, adeus às ilusões. Os poucos negros presentes à festa eram cantores, dançarinos ou staff. Era um festival de torsos branquelos-malhadíssimos rebolando empolgados que bem lembraria uma boate gay não fossem o excesso de mãos bobas e as cantadas pouco objetivas. Talvez as letras tenham potencializado a atmosfera sexual e a xepa ( que normalmente se instala às três da manhã) já andava à toda pouco depois da meia-noite. Uma guerra...
"Todas as meninas pensam em se divertir...dança-a-ar!"
O show de abertura ficou por conta da nova menina de ouro do DJ Malrboro. Para quem não sabe, a Perlla ( "Tremendo vacilão") está para essa nova fase do funk como Elvis Presley para os primórdios do rock. Colocaram um garoto branco e bonito para cantar e dançar a música dos negros na TV... não foi isso?
Bem, não se pode dizer que a figura da nossa amada Tati Quebra-Barraco esteja 100% de acordo com os atuais padrões de fotogenia estabelecidos pelo mainstream. Bom para a Perlla-gatinha.
É impressão minha ou ela já está totalmente antenada com a MPB respeitável? Vejam as fotos e leiam as letras:
"Lembra quantas vezes você já me fez chorar?
O mundo dá voltas
Sai, que a fila vai andar"
"Mas eu não caio do salto, não brigo (...)
Sai, que a fila tem que andar"
O Diabo veste Gang Rio
Aliás, o girl power é o grande tema gerador desse novo funk carioca. Quando eu olho para as dançarinas penso em como aquelas bundas enormes se mantêm de pé a despeito de todas as leis da física. Aliás, diante de alguns rebolados e agaxamentos, Einstein teria repensado algumas de suas teorias.
Mas o que faz a gente se sentir diminuída mesmo, é ouvir a Deise Tigrona cantar com a maior naturalidade:
Sou tigrona chapa quente , adoro muita pressão
Gosto de ser acorrentada e levar tapão no popozão
Pichadão vem de chicote , querendo me algemar
Me botando imposição já pronto pra martelar
Vem de chicote, algema
Corda de alpinista
Daí que eu percebi
Que o cara é sadomasoquista
E ela se declara evangélica. Não tem como pagar de mulher liberada depois dessa...
JABÁ HOUR
Mas quem quiser saber a sério sobre a evolução do funk carioca não pode perder o livro da queridíssima jornalista Janaina Medeiros (Funk carioca: crime ou cultura? Ed. Terceiro Nome), que cobre toda a história dos tempos da Banda Black Rio ao "sou-feia-mas-tô-na-moda", convidando o leitor a desnaturalizar algumas noções equivocadas sobre esta mais do que legítima forma de expressão popular.
Aos resistentes, alguns bons motivos para que não se não espere pela Ploc 00 ou tela Trash 2000 para se jogar num pancadão:
1) A gente não sabe se essa coisa dos 40 serem os novos 20 vai realmente pegar.
2) O funk pode virar o novo samba. Aí ninguém mais vai poder rir.
3) "Eu quero ver tu rebolar/ a-han/ com tudo dentro!"
Friday, October 06, 2006
Para a jaqueira. Agora!
*
Ando extremamente otimista. Não sei bem a que atribuir o meu surpreendente – e espero que temporário – posicionamento poliana diante da vida , mas meu olhar sobre algumas coisas teima em não aderir a corrente de negativismo deflagrada por alguns acontecimentos recentes.
Tomemos como exemplo o resultado das eleições. Todo mundo revoltado e eu rindo à toa. Fora a alegria de ver o Chico Alencar e o Marcelo Freixo de mandato na mão, contemplo satisfeita a perspectiva do segundo turno. Político algum ao alcance dos meus olhos merecia levar a eleição de mão beijada e de forma consagradora. Torço pela virada aqui e temo pela virada lá, mas é pra torcer e temer que a gente tá na vida, não é mesmo?
Tá bom, retornam a Brasília sanguessugas e mensaleiros, mas não todos. Houve renovação em algum nível, ainda que mínimo. Me processem, mas consigo enxergar certa dignidade na eleição do Clodovil.
Mas o que me deixou feliz de verdade foi ver a decepção estampada em alguns focinhos locais. Especialmente nos das raposas PMDBistas que se criam em cima da falsa filantropia dos famigerados Centros Socias.
Não sei se essas pragas já se espalharam pelo resto do Brasil, mas um Centro Social funciona mais ou menos assim: políticos oferecem cursos e tratamento médico de baixa qualidade a pobres que não recebem nada do governo, tornando-se heróis das vidas dessas pessoas a quem o estado abandona.
Para continuar garantindo a caridade tanto a clientela quanto os funcionários precisam votar eternamente nesse mesmo político, que acaba dependendo da perpetuação da miséria para se manter no poder. Perverso, não?
O curioso é que aqui na Baixada Fluminense a maioria desses caras, que davam como certa a eleição, acabou fazendo feio mas urnas. Me delicio com o ar desapontado de cada correligionário que cruza meu caminho vestindo semblante abatido 2006: “Ele foi injustiçado...”
Morro de rir! Será que só eu vislumbro um futuro em que o povo – e em especial a população de baixa renda – vai continuar dando calote em plataformas populistas, condenando-as à merecidíssima jaqueira?
Contextualizando os forasteiros, em Duque de Caxias, diz-se do político que não se elegeu que ele jaqueirou. Reza a lenda que num ancestral pleito os candidatos esperavam tensos os resultados das urnas à sombra de uma frondoso pé de jaca. Uma vez certos da eleição iam comemorar enquanto os perdedores permaneciam embaixo da arvore, expostos ao escárnio e àhumilhação da derrota política, desde então associiada à jaqueira por todo e qualquer cidadão caxiense. Da Câmara de Vereadores à feira dos nordestinos, em véspera de eleição todo mundo especula acerca das prováveis jacas da estação.
Como se vê, o folclore local deu conta rápido de tripudiar dos maus políticos, mas os eleitores bem que dão sinais de estarem aprendendo a se vingar também. Nessa disputa em particular, com louvor, já que algumas jacas trazem em comum no outdoor um “projeto social” e um nome em diminutivo, tal qual seu diabólico mentor campista.
Tem lugar para muita gente, eu sei. A jaqueira é uma árvore de grande porte que ainda pode abrigar derrotas mais significativas para o tão sonhado processo de saneamento político no estado do Rio de Janeiro. Em 2008 espero que a eleição municipal já nos ofereça alguns gominhos em forma de aperitivo.
De olho no futuro, a gente vai comemorando as jacas presentes. Surpreendentemente, a minha preferida nem é caxiense.Para quem não sabe, o cartola-paquiderme Eu Rico Miranda não volta ao Congresso Nacional. E não só os vascaínos têm motivo pra comemorar. Juro.
Tudo sobre a JAQUEIRA e sobre a História da Baixada no caprichadíssimo blogue de Josué Cardoso: http://josuejornal.blogspot.com
Wednesday, October 04, 2006
Atendendo a pedidos
Tuesday, October 03, 2006
Quem você está vestindo, querida?
Como ponto de partida, uma linha austera que combina apenas com mulheres mais vividas e que sabem exatamente o que querem do mundo.
Tanto o terninho Chanel quanto Liam Neeson, passam uma mensagem de auto-confiança por parte de quem não se preocupa mais apenas com a imagem. Sexy, sim, mas não de forma ostensiva. Por trás do tweed pode haver uma lingerie matadora. Liam Neeson na cama só pode ser , igualmente,
uma surpresa.
Os jovens clássicos, como Nicholas Cage e a Levis 505 podem também não paracer escandalosamente sexies, mas contam com eleitorado cativo: gente que não quer demorar mais de dois segundos para escolher um filme ou o que vestir e que sempre decide com base na familiaridade e no conforto. E que quase nunca erra a combinação. E não interessa que o cabelo esteja falhando e o tecido puindo, a sensualidade parte muito mais da atitude. Sucesso de público ga-ran-ti-do!
Tem também aquele estilo atemporal e anti-moda que só gente mesmo com muita personalidade pode usar. Ser pouco convencional como Johnny Depp implica num preço social que muito poucos estão dispostos a pagar. Pra sair por aí combinando bandana e saia de filó, ou para fazer de Piratas do Caribe um sucesso global, você tem que ser muito, mas muito bom mesmo. Ou boa.
Johnny Depp às vezes some, igualzinho àquele acessório vintage que a gente esquece no fundo da gaveta. Mas os dois, quando dão as caras, emprestam um toque especial a qualquer produção.
Agora, as vedetes da estação: o look marinheira e o gatíssimo Josh Hartnett, astro de Dália Negra. Há um ano a gente não podia desconfiar que seriam esses os arrasa-quarteirão de 2006. Pode ser até que em 2007 a gente já tenha enjoado da cara deles, mas nao há como negar: lindos, meigos e gostosos, eles bem poderiam permanecer na crista da onda por mais algum tempo.
"Na crista da onda", por sinal, é uma expressão bem demodê. Acho melhor eu parar por aqui antes que me exijam um post que combine Andrew MacCarthy e polainas. Melhor não, né?